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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

JHOW... o maluquinho

Engraçado... tenho tantas histórias pra contar, que nem sei por onde começar... resolvi então contando a vidinha triste do “cachorro- preto- do- pescoço- torto”, era assim que chamavam o Jhow (dei este nome a ele, em homenagem ao cão que minha tia Modesta tinha).
Então, Jhow apareceu nas ruas da minha cidade, em junho de 2008, vindo sabe da onde, estava muito machucado, foi surra pra matar mesmo, mas de alguma forma ele escapou e se escondeu embaixo da casa de uma vizinha minha.
A família achava que ele ia morrer ainda naquela noite, quando viram ele correr pra baixo da casa gemendo muito, mas no outro dia, ele saiu de lá manco e veio até perto da minha casa.
Assim que eu o vi meu coração se apertou de dozinho, estava muito machucado, faminto, triste, assustado... levei um tempão pra poder chegar perto, aos poucos ele viu que eu não queria lhe fazer mal, veio comigo, amarrei atrás da minha casa, (o que gerou mais uma briga infernal, sempre morei com minha mãe e a “minha casa- de- passagem” na verdade é a casa dela e ela nunca me apoiou ou entendeu este meu amor incondicional por esses animais abandonados...)
Cuidei dele com todo o amor que ele merecia, aos poucos foi se recuperando, mas ficou com uma sequela estranha, seu pescoço ficou muito torto, parecia que ele tava sempre fazendo uma curva (daí o apelido...)
Conforme ia se recuperando dos ferimentos, mostrava seu gênio maluquinho, hiper ativo e deixando claro o quanto ODIAVA ficar amarrado e foi aí que começou toda a confusão. Ele uivava e chorava dia e noite, até que um vizinho meu, numa noite de chuva ligou e destratou minha mãe, ela furiosa ordenou que  eu soltasse ele, chorando fui. 
Solto se sentia o dono do mundo, não tinha sossego, aprontava todas...fazia xixi nas calçadas dos vizinhos, entrava nas casas, acoava a noite toda pelas ruas, quase matava o Gabriel quando vinha me namorar, de tanto pular em cima, trazia coisas pra casa que eu nem imagino de quem eram...
Quando escurecia aí sim ele se transformava, não tinha quem segurasse ele, desesperada pelo comportamento deste maluco mais fofo do mundo, resolvi seguir um conselho de uma amiga minha que é psicóloga, ela me arrumou um vidro de rivotril (aquele pra dormir) e disse pra eu dar umas dez gotinhas, que ele ia "dormir como um anjo a noite toda".
Me lembro como se fosse hoje, dei as gotinhas num pedaço de pão, ele deitou em cima de um sofá que ficava na área, que ele simplesmente se fez de dono, (outro motivo pra minha mãe brigar comigo), era frio, então quando notei que seus olhinhos pareciam pesados de sono, cobri ele com um pano e naquela noite dormi sossegada, mal sabia o que veria no dia seguinte.
Acordei atrasada para a escola e quando abro a porta quase enfartei, ele tinha comido todo o sofá, os chinelos da minha mãe, o guarda chuva e tinha cavado buracos enormes em toda a parte... o pano que eu cobri ele estavam duas quadras da minha casa, simplesmente a porcaria do remédio fez ele surtar, tadinho... chorando, porque sabia que ia sobrar de novo pra mim, tentei recolher e arrumar o que pude, cheguei atrasada para dar aula, mas sabia que o pior era quando eu viesse pra almoçar, enfrentar a fúria da minha mãe... eita!
Mas tudo valia a pena, porque eu amava muito aquele cão, em vão tentei achar um sítio pra ele morar, mas não encontrei a tempo... um belo dia ele saiu e nunca mais voltou, pedi tanto pra todo mundo nunca fazer mal a ele, mas algum infeliz que eu nunca descobri quem foi, deu um fim nele, nunca achei nem o corpo, tive alguns suspeitos, mas nada confirmado.
Choro muito de saudade dele, pensando na covardia, de quem teve a maldade, de fazer parar de bater aquele coração inquieto, mas cheio de amor do cachorro- preto- do- pescoço- torto...

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