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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A grande dúvida sobre o fim de TETECA.

Relembrar minha história com Teteca é algo que me entristece muito, pois envolve alguém que amarei eternamente... meu Pai!
Esta cachorra apareceu na minha cidade, há muitos anos atrás (2002), nesta época não era tão comum ver bicho abandonado por aqui...até tinha, mas a maioria com “endereço- fixo”, tinham donos mas não eram bem cuidados, viviam nas ruas e passavam fome e sede... coisa de gente idiota que tem bichinho, mas não lembram que eles também precisam se alimentar...
Estava voltando de Videira, quando a vi deitada perto da minha casa, tentando esconder seu corpo na sombra de uma árvore minúscula. O sol ainda estava forte, era finalzinho de inverno, só de olhar pra ela dava pra perceber a sede que sentia...
Corri buscar água e comida, minha mãe já tinha visto a cadela e segundo meu pai, até tinha tentado espantar antes da minha chegada.
Enquanto achava potes minha mãe ameaçava... ”Mônica não se atreva a dar comida, porque ela não vai mais embora e não quero saber dela ganhando cachorrinho aqui...” Ôpa... minha mãe disse cachorrinho?
Corri até a cadela e quase morri de alegria quando vi que estava grávida mesmo, pense que maravilha, poder acompanhar o nascimento, ver abrir os olhinhos, pegar no colo e sentir nos focinhos cheirinho de leitinho... tem coisa mais gostosa neste mundo?
A Nicole e meus sobrinhos Maria Isabel e Gabriel eram pequenos e como só tínhamos cachorros, eles nunca tinham passado por esses momentos especiais.
Contrariando todas as leis da natureza... sim, porque minha mãe brava é como enfrentar tempestade com raios e trovoadas... trouxe a cachorra pra minha casa.
Meu pai me apoiou o que ajudou muito (até brigou com uma vizinha nossa, que ainda hoje não olho mais na cara dela. Imagine, teve a petulância de desaforar meu pai, disse assim a megera: “Stefani do céu, tá louco, dá fim nessa cadela, daqui uns dias vai ter cachorro pra todos os lados sujando as calçadas...” meu pai simplesmente respondeu... ”na minha casa não se nega comida e água pra ninguém, nem pra gente, nem pra bicho...” hunf... é isso aí pai!
Meu pai arrumou  lugar pra ela, num galinheiro velho que não era mais ocupado. Precisava ver a alegria dela, era mansa, deixava a gente passar a mão na barriga pra sentir os cachorrinhos se mexendo, uma fofa mesmo, Nicole deu- lhe o nome de Teteca.
Mas infelizmente na hora de ganhar os bebes escolheu outro lugar, ficamos dias cuidando, mas a espertinha vinha comer e se disfarçava toda, quando percebíamos ela já tinha sumido. Uma semana depois descobrimos a ninhada embaixo do paiol do vizinho.
Eu, a Niki e a Bel fomos buscar e trouxemos para casa, eram lindos, Teteca era grandona e seus quatro filhotes também.
Foi a festa, beijamos, cheiramos, abraçamos... céus, como amamos e cuidamos destes pequenos. 
Mas Teteca queria mesmo a liberdade, coisa de mocinha independente e vivia fugindo, sujando as calçadas da vizinhança...
Aos poucos fomos achando casa pro bebes, um foi pra Videira, dois num sítio de um amigo do meu sobrinho (tempos depois fiquei sabendo que eles comeram veneno e um morreu, tadinhos) e um foi dado pra um infeliz, não longe da minha casa, que insistiu em querer o filhote e a Teteca.
Eu amava ela tanto, tinha comprado uma coleira rosa, ela ficava um charme, queria ela pra mim, mas não teve jeito e é nesta parte da história que guardo muita decepção e tristeza... (é a  única recordação de magoa que tenho do meu pai, que infelizmente faleceu em 2007).
Ele não me deixou ficar com ela, o homem levou com a promessa de cuidar dos dois, mas vi em seus olhos que mentia, falei pro pai, mas ele não me deu bola.
Nesta época eu trabalhava o dia todo na creche na cidade de Videira, três noites lecionava artes no colégio em Iomerê e fazia faculdade de final de semana na cidade de Caçador, era uma correria só, sem contar a tristeza que eu sentia de ficar pouco tempo com a Nicole, que é e sempre será a pessoa mais especial da minha vida!
Mas não conseguia parar de me preocupar com a Teteca, mandei meus alunos da noite investigarem e infelizmente, depois de muitas histórias contraditórias, descobriram que na mesma semana que foi pra lá o homem a matou, queria mesmo só o filhote...
Tentei falar com meu pai várias vezes sobre isso, mas ele só dizia: “se ele levou o que fez com ela é problema dele...”
E é esta dúvida que me corrói a anos... "será que meu pai, meu amigo que eu amava tanto, sabia das intenções daquele idiota? Será que ele foi conivente com o fim trágico da cadela Teteca?"
Quando lembro dela, toda vez peço perdão, onde quer que ela esteja, me culpo. Deveria ter sido mais firme, ter seguido minha intuição quando vi a mentira estampada nos olhos daquele infeliz.
Agora é tarde, não tenho mais ela nem meu querido pai... só a dúvida sobre a morte daquela cadela amada, que com seus bebes me deixou, apesar de boas recordações, um peso enorme no meu coração!  

4 comentários:

  1. Linda história!!!! Me emocionei!!

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    1. Querida Missleine... obrigada! A opinião dos leitores é muito importante pra mim*-* bjo!

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  2. muito triste mônica... vc escreve muito bem, parabens!!!

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    1. Obrigada Ellen... contar a historia deles não é facil pois muitas vezes choro revivendo td isso... mas é uma forma de gravar em algum lugar coisas que estão guardadas com amor em minha cabeça e meu coração. Bjo querida

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