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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MACACOS nunca mais!

Quando eu era pequena (nove anos mais ou menos), adorava brincar com uma bola vermelha, ela tinha um monte de pedacinhos de borrachas coloridas, pareciam estrelinhas. Era meu brinquedo preferido que eu tinha ganhado da minha tia favorita!
Jogava a bola no gramado ao lado de casa, quando vi um menino passando na rua carregando algo, parecia um gatinho...
Via sempre ele na escola, era um garoto mal- educado, falava um monte de palavrão... não gostava nem um pouco dele.
Mas minha curiosidade foi maior e timidamente perguntei: “Oi... o que você tem no colo?”
Ele com uma cara de “to podendo”, falou: “Um macaquinho!”
Céus... nem acreditei, meu maior sonho era ter, entre tantos bichos, um macaco (era fã número um do filme do Tarzan, só por causa da Chita).
Corri até ele, o macaquinho era muito pequenininho, estava agarradinho na camiseta dele, parecia fraquinho e faminto...
Fiz um monte de perguntas: “Como é o nome dele? Você só tem esse? Onde conseguiu? Posso pegar um pouquinho?”
Ele falou que nem tinha dado nome, só tinha aquele, conseguiu indo no mato com o pai e um nono que morava perto da minha casa e que não ia me deixar pegar ele nem um pouquinho, porque o macaquinho só gostava dele.
Que raiva, imagine se aquele anjinho, tão bebê, ia gostar só dele mesmo, ainda mais “colo de camiseta suja, de garoto que nem banho tomava... eita”.
Triste, vi o menino se afastar, queria tanto um macaquinho...
Resolvi ir na casa do tal nono, pedir pra ele conseguir um macaquinho pra mim também.
Cheguei lá, ele estava com o papagaio, gritavam tanto os dois, que até fiquei com medo de pedir, mas a vontade de ter um macaquinho era tanta...
Ele, não sei por que, falava muito alto e meio enrolado, mas disse que quando fosse no mato de novo ia procurar um.
Eu nem cabia em mim de tanta felicidade.
Decidi contar só pro meu pai, não ia falar nada pra mãe, ela ia brigar comigo, pois algo me dizia que ela não ia gostar nem um pouco do macaquinho.
Meu pai ouviu minha história, mas acho que não levou muito a sério, porque desta vez ele não disse: “Não quero nem ver quando tua mãe souber...”
Passava horas, dias, semanas, só pensando nisso, mas pra minha tristeza, nada de alguém aparecer com meu macaquinho.
Uma noite, já estava quase dormindo, quando ouvi algo inacreditável, meu pai dizia pra minha mãe: “Hoje ganhei um macaco, deixei lá no paiol...”
Meu sono sumiu na hora, se eu na época, não fosse tão medrosa, teria ido aquela hora no paiol ver o macaquinho e que, com certeza meu pai ia dar pra mim... ele sabia o quanto eu queria um...
Ficava imaginado ele sozinho, com medo, tadinho... que nome eu daria? Tuquinha, Chiquinho... bem, isso era melhor ver a carinha dele pra depois decidir!
Acordei com minha irmã caminhando no quarto, ela me olhou ansiosa, percebi que ela queria me contar algo.
Eu tinha certeza que ela queria me falar do macaco, mas como ela quase nunca puxava muito papo comigo, resolvi que iria fazer cara de surpresa quando ela contasse a novidade (que é claro, eu já sabia...).
Disse assim minha irmã: "Mônica, tenho um segredo pra te contar, mas o pai não pode saber que eu te falei...”
Eu toda disfarçada... ”Diga?”
Me lembro tão bem... eu olhava pra ela e já ate poderia ouvir ela dizer que o pai tinha ganhado um macaco...
Mas qual não foi minha surpresa, quando da boca dela ouço: “Eu fiquei menstruada...”
O que?... ora por favor...  um macaquinho sozinho no paiol, precisando de carinho e ela ali, falando aquelas coisas, que eu ainda não entendia direito o que era, mas pelo pouco que sabia, rezava pra que nunca acontecesse aquela desgraça comigo também!
Deixei ela lá, sem entender nada e corri pro paiol.
Procurei em cada cantinho e nada!
Vi meu pai carpindo o lote de cima, fui até lá, já em pânico, avisar que o macaquinho tinha fugido...
Meu pai me encarou com aqueles olhos azuis mais lindos que eu já vi na vida, parecia que não sabia o que eu estava falando...
Eu impaciente... “O macaco pai, que ontem eu ouvi você contar pra mãe...”
Ele rindo muito, largou a enxada e me levou até a porta do paiol...
“Ô filha... olha lá o macaco...”
Olhei na direção que ele apontava e só vi uma coisa de ferro.
“O pai ganhou, ele ta estragado, mas quando arrumar vou usar pra trocar o pneu do nosso carro...”
Nem sei explicar como me senti... era tanta decepção, principalmente comigo mesma, que inocentemente tinha sido traída pela minha própria ignorância.
Pra variar, corri atrás da casa chorar, meu pai veio até lá e me perguntou se eu sabia como aquele piá, tinha conseguido o macaco.
Eu falei que eles acharam no mato.
Ele pacientemente me explicou, que eles pegaram o coitadinho, porque tinham ido no mato caçar bichos e mataram um casal de bugio e como o piá tava junto, pegou o filhote que tava agarrado nas costas da macaca. E que ele sabia que o macaquinho tinha morrido logo depois, porque precisava mamar...
Que horror... eu nem imaginava que era assim que tinha acontecido, que dozinho, ir no mato matar os bichinhos... e o bebezinho coitadinho, morreu de fome, sofrendo sem os pais, que triste!
Sequei minhas lágrimas... corri até a casa do nono e falei que era muito feio o que fizeram com os macacos e que eu não queria mais nenhum...
Acho que peguei ele desprevenido, porque entrei e sai da casa e ele nem falou nada, só ficou me olhando...
Em casa abracei bem forte meu pai e cochichei em seu ouvido:
“Não fica preocupado da mãe brigar com a gente, porque a partir de hoje não se fala de macacos nesta casa nunca mais!”

6 comentários:

  1. Môni.. eu não lembrava dessa história do macaquinho!! Ela é comovente.. mas engraçada também (o suspense da Clema foi demais..rs)!! Eu adoro ler seus post e continuo achando que esse blog deve virar um livro!! Temos ótimas fotos para recheá-lo!
    Beijos, querida.. você é "tudibom"..

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    1. Gio... é tão bom saber que vc acompanha meu blog... e bem que eu gostaria um dia de fazer um livro, mas como todo "artista que se preze" com certeza sairá um, mas em homenagem póstuma...heheheh
      bjo :D

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  2. Mônica, eu ainda não tinha lido esse post... Achei tão incrível que fiz questão de lê-lo novamente, e em voz alta, para que o Nato escutasse essa história. Desculpe a sobriedade que devemos dar aos assuntos de maus tratos aos animais, mas rimos muito (muito mesmo, você nem imagina) da sua narrativa. Eu tinha a impressão de vê-la na situação... o Nato, que nem te conheceu pequena, achou o máximo, pela sua descrição dos fatos, pela maneira séria, comovente e ao mesmo tempo engraçada e divertida.
    A Gio está certa, você deveria fazer um livro. Vai fazer muito mais sucesso do que "Marley e Eu"... vai ser "Todos os Bichos e Eu", se considerarmos que você gostava desde sapos até cachorrinhos...
    Pode ter certeza... Você É "tudibom". Bjos.

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    1. hahaha... esta história me rendeu muitas noites sem dormir na época esperando o macaquinho... me lembre quando vier pra cá pra eu te contar quem era o garoto, acho que ele ate estudava com você, era mais velho, mas tinha repetido de ano, aliás nem sei se chegou a se formar na oitava série...bjo e que bom que gostaram, a Nicole amou o dia que li pra ela, a unica que não vai gostar muito acho que é a Clema...hehehe

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  3. Tadinho...que dó ! Adoro ler suas histórias Mônica! Sua vida sempre foi de muita emoção...

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    1. É... nem fale, esta historia me rendeu muitas noites sem dormir, esperando... bjo Lila!

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