Na
verdade considero uma grande injustiça por parte da natureza não ter sido muito
caprichosa em relação a eles, falo isso pela maioria, porque pouquíssimas
pessoas, não sentem medo ou repulsa e
que são capazes de passar pertinho de um, sem o costumeiro e histérico grito:
“Ai... um sapo!"
Não
me importava em pegar eles na mão pra tirar do meio da rua, ou salvar dos
meninos, que na escola na hora do recreio, quando encontravam algum, ficavam
chutando pra lá e pra cá como se fossem bolas, coitadinhos...
(Eu estava com uns 8 anos, mas até hoje não sinto medo ou nojo deles e ainda salvo os que posso!)
Muitas
vezes ouvia meu pai falar da importância dos sapos e não me conformava em ver a
forma brutal que morriam, atropelados, a pontapés e pedradas por garotos
idiotas, enfim por estes vários motivos que tive a “nem tão brilhante” idéia de
iniciar minha criação de sapos, (pra desespero da minha mãe que simplesmente
tem fobia por esses bichinhos).
Peguei
vários vidros de compota, minha mãe ficou furiosa... ”Não acredito que pegou
meus vidros pra colocar essas coisas nojentas, você não tem jeito mesmo, agora
vou ter que jogar eles fora... e blá, blá, blá...” céus, aquele dia o sermão
foi cumprido...
Bem,
era hora de ir à busca dos girinos. Perto da minha casa morava um amiguinho meu
e do lado da casa dele tinha um açude, fomos os dois até lá.
Nossa!... na beiradinha fervia de girininhos.
Separamos
por tamanho, num vidro só com água colocamos os pequenos, em outro, os maiores
já com patinhas traseiras, em outro, os com as quatro patinhas e ainda um
rabinho, em outro, com terra e água os bebe-sapinhos e pra minha surpresa, meu
amigo achou uma coisa gosmenta cheia de ovinhos que ele disse ser ovo de sapo,
não tive duvidas, corri pegar escondido outro vidro da minha mãe e coloquei
dentro.
Vim
embora toda faceira, pronta a começar minha criação.
Arrumei
os vidros numa prateleira perto do tanque... ”E olha aonde ela colocou estas porcarias, quero ver quem vai lavar
roupa, vai já tirar aquilo de lá... ” ... eita, não era fácil conviver com uma
mãe, que não estava nem aí se os sapos sumissem do mundo!!!
Todo
dia eu trocava a água dos vidros com muito cuidado pra não perder nenhum.
No
final de semana fomos para Bom Sucesso na casa dos meus avós, confesso que nunca
gostei muito de ir lá, não por eles, eu os amava, mas não tinha com quem
brincar, achava chato, mas infelizmente era sagrado, todo fim de semana lá ia a
família toda no fusquinha do meu pai!
Ao
lado da casa da minha avó (mãe da minha mãe), tinha um rio, meu pai não deixava a gente ir lá, dizia ser perigoso, mas resolvi ir assim mesmo, queria ver
se não achava mais uns pra aumentar a criação... qual não foi meu espanto
quando vi girinos gigantes, (fiquei sabendo depois que eram de rãs), fui
correndo pedir pra minha avó um vidro vazio, mas nem contei pra que, achei melhor
evitar conflitos.
Coloquei
um monte deles e escondi embaixo de uma arvore, na hora de vir embora, sentei
quietinha com o vidro no colo, mas foi só meu pai sair com o carro minha irmã
fofoqueira viu e gritou: ”Mãe, a Mônica tem um vidro cheio de sapos...”... “Eita,
é girino sua metida...”
O
pai parou o carro pra me xingar: “ Não acredito que você foi no rio...” a mãe
gritando: “ Pode jogar essas porcarias pra fora...”
Eu
me abracei no vidro, queria ver alguém jogar fora os coitadinhos...
Pra
acabar com a confusão meu pai disse: “Muri, pega o vidro e coloca no chão perto
dos teus pés, porque lá atrás ela vai acabar virando nos bancos...”
Céus,
iniciada a guerra, ela xingava todo mundo e ainda faltava passar na casa da
minha outra avó ( mãe do meu pai)... o clima estava feio de ver!
Quando
estávamos entrando novamente no carro pra vir finalmente pra casa, minha mãe
sem querer bate no vidro e vira, senhor do céu, aí sim que eu ouvi de todo
mundo... hunf... se tivessem me deixado ficar com ele no colo isso não teria acontecido!
Chegamos
em casa, minha mãe que ainda estava histérica, correu se lavar, porque dizia
que podia até pegar um cobreiro, meu pai furioso porque o chão do carro estava todo
molhado, minha irmã nem me olhava e eu preocupada com os coitadinhos que aquelas
alturas já estavam quase mortos sem água e pisoteados.
Corri
levar nos vidros os que ainda se mexiam.
No
outro dia fui ver e infelizmente reparei que muitos, mesmo eu cuidando (na
época eu achava que sabia cuidar deles), estavam morrendo, decidi então
devolver os que ainda estavam vivos de volta pro açude...
Mônica, Meu nome é Sabrina, estou criando sapos e rãs, adorei sua história. Me chamou a atenção você dizer que "na época não sabia cuidar deles", você tem algumas dicas para me dar?? Se tiver, por favor, me oriente!!! Grata: Sabrina.
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