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domingo, 19 de fevereiro de 2012

O CIRCO chegou... e não trouxe alegria (Parte I)


“Hoje tem marmelada?
-Tem, sim senhor...
Hoje tem palhaçada?
-Tem, sim senhor...”
Ouvir esta musica, me fazia ser a menina mais feliz do mundo, era o carro com alto - falante anunciando que havia chegado circo na cidade... eu contava as horas, esperando ansiosa o momento de ir com meus pais e minha irmã ver as novidades que o circo estava prometendo. Céus como eu me divertia, era tudo tão lindo e encantador...
O tempo foi passando e a cada circo que se apresentava na cidade, trazia consigo novidades e espetáculos incríveis, além de malabaristas, atiradores de faca, palhaços divertidos, alguns tinham domadores de leões, pôneis, macacos que dançavam, um sonho!
Eu, apaixonada por animais, no início achava tudo maravilhoso, imagine poder ver no picadeiro macacos, como a Chita do Tarzan (sempre sonhei ter um macaco assim pra mim), poder ver de pertinho leões ou acariciar a crina de um pônei!
Isso tudo, enchia meus olhos de amor e admiração, por esses animais e as pessoas do circo!
Mas mesmo pequena, comecei a perceber que tinha algo de estranho no ar... na hora do espetáculo tudo era mágico e perfeito, as pessoas do circo sorridentes e pareciam que amavam imensamente seus animais (que inveja eu sentia delas, poder ver, tocar, acariciar e cuidar desses bichos, todos os dias)  tudo era colorido, animais com enfeites de cores vibrantes e brilhantes, aplausos ,enfim, a mais pura felicidade!
Mas quando eu ia com meus colegas, depois do colégio, no terreno que acampavam, via que não era bem assim, os animais me pareciam tristes, famintos, seus tratadores impacientes. O leão na jaula era magro, seu olhar era distante, vazio e bem eu vi quando ele urrou que não tinha dentes. Os macacos nessas horas a gente nunca via, porque eles diziam que eles estavam dormindo dentro dos trailers.
E esta impressão que tive lá pelos seis anos, me fazia ver aos poucos, que no fundo tudo ali  era mesmo palhaçada e marmelada e só reforçou com o passar dos anos...
Lembro bem que, aos 12 anos mais ou menos, veio um circo com um leão tão velho, magro e doente, quando fui ver ele de perto, saí de lá chorando, o cheiro que vinha dele era insuportável, pior é que ele nem era mais “usado” nos espetáculos, servia só de chamariz pra juntar publico, achando que iam ver ele com o domador. Anunciaram isso ate o ultimo dia do espetáculo, mas ele não se apresentou.
Hoje lembrando, tenho certeza que ele não se apresentava mais, porque provavelmente nem conseguiria  andar direito, deveria estar atrofiado de tanto viver ano após ano preso naquela jaula minúscula... e o pior, meus colegas me contaram, que os caras do circo prometeram, que quem levasse comida viva pro leão entrariam de graça e dias depois ouvindo o papo dos garotos no colégio, fiquei sabendo que alguns levaram escondido de seus pais, gatinhos, galinhas e até porquinho... eu na época não soube o que fazer, na verdade acho que era só eu sofria por isso, para os outros era um leão no circo, nada alem disso, pra mim era um gatinho gigante sofrendo, morrendo da forma mais cruel, dia após dia, numa tortura física e mental intermináveis!
Visitar circos como esses passaram a ser um grande sofrimento pra mim... afinal aonde estava a tão prometida diversão e alegria? De uma coisa eu tinha certeza... não era no olhar de todos aqueles pobres animais que eu iria encontrar!

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