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domingo, 19 de fevereiro de 2012

O CIRCO chegou... e não trouxe alegria (Parte Final)


Eu, sendo totalmente contra animais em circos, passei a frequenta- los, somente quando não tinham bichos...
Os anos foram passando, eu cresci e os circos obrigatoriamente mudando o foco das suas costumeiras apresentações, afinal, começaram a ser criadas e cobradas Leis de proteção a maus- tratos aos animais.
Pessoas sensíveis e inteligentes, com um profundo sentimento de amor e respeito por estas criaturas, também pensavam como eu, pois desde pequenininha eu já havia percebido: “Circo com animais não traz alegria...”
Aos poucos, muitas cidades passaram a proibir apresentações de circo assim, via na televisão algumas reportagens mostrando que esses animais, retirados dos circos, infelizmente não poderiam voltar ao seu habitat natural, então eram acolhidos em zoológicos. Continuariam a ser uma atração, mas pelo menos teriam mais conforto, segurança, água, comida adequada para cada espécie e dependendo dos tratadores, recebiam amor e carinho...
Mas, voltei a ficar triste e preocupada, quando vi que alguns circos, passaram então a anunciar, que teriam animais de rodeios nas suas apresentações.
Há uns quatro anos atrás, passou um aqui em Iomerê, que se instalou no pátio, ao lado da igreja Matriz.
Minha filha e meus sobrinhos apaixonados por circo como eu, quiseram ir. Eu nunca tinha assistido apresentações com esses animais e fiquei apreensiva, mas até mesmo, colegas meus disseram, quando comentei o que pensava sobre espetáculos assim: “Pode ir, é bem legal, eles não machucam o animal, só brincam com ele.” Eu não confiava muito nesta espécie de “brincadeira”, mas vendo a empolgação da minha filha e meus sobrinhos com a novidade de circo na cidade, combinei com o Gabriel de levarmos eles assistirem o tão esperado espetáculo.
Sentamos nas cadeirinhas, com as mãos recheadas de pipoca, refrigerante, algodão doce e maçã- do- amor. Rimos muito com o palhaço e aplaudimos com entusiasmo todas as apresentações que anunciavam no picadeiro. As crianças estavam amando e eu mais ainda, pois sabia que a diversão não consistia no sofrimento ao expor animais. 
Então, como ultimo número anunciaram o tal “circo - rodeio”, recolheram o picadeiro, começaram a montar uma arena com grades de ferro, sentimos o clima de rodeio encher o ar...
Céus, que decepção, que horror, quanta crueldade eu presenciei, o anunciado boi bravo, não passava de um grande bezerro, assustado com todas aquelas luzes, som alto, gente gritando e se oferecendo pra demonstrar sua força e coragem de dominar ele pelos chifres. Mas o animal, coitadinho, se recusava a sair da baia pra vir no centro da arena, onde uns idiotas esperavam pra enfrenta - lo.
Comecei a ficar angustiada, o Gabriel notando meu desespero e preocupado com a atitude que eu poderia ter, insistia em me levar embora, nisso de tanto grito, paulada, puxa daqui e empurra dali, finalmente ele saiu dando pinotes, mais assustado do que bravo e vi nos seu olhos o desespero de não saber o que estava fazendo ali.
Não me contendo diante de tudo aquilo, comecei a chorar quando vi suas costas sangrando, machucadas e seu rabinho todo torto, quebrado em vários lugares... queria ir lá pegar aquela porcaria de microfone e aos berros acabar com aquela crueldade, mas acho que eu era a única a estar assim, nem as crianças notaram o que estava acontecendo, que espécie de feitiço envolve as pessoas, que nessas horas parece que perdem a noção entre o BEM e o MAL?  Como conseguiam ficar indiferentes ao olhar de suplica e dor do animal?
Temendo um escândalo e a revolta das pessoas que aplaudiam e gritavam, adorando tudo aquilo, o Gabriel me tirou as pressas de lá. Cheguei em casa triste, chorando, indignada e muito brava com ele, por não ter me deixado acabar com aquilo. Depois, de cabeça fria percebei, que eu com certeza passaria de louca, histérica e escandalosa na opinião daquelas pessoas, ninguém que estava lá entenderia minha atitude. Eu não iria de forma alguma, acabar com o espetáculo como eu imaginava, mas com certeza seria expulsa  com vaias e desaforos.
Na segunda- feira no colégio, durante as aulas, interroguei meus alunos e os que estavam naquela noite no espetáculo, disseram que adoraram... eles também não perceberam a crueldade, só viam a diversão e mesmo com  muita conversa, questionamentos, somente alguns concordaram comigo que foi crueldade sim!
Triste constatei que, com o passar dos anos, a vida de alguns circos, pela pressão da lei que protege os animais, mudaram somente as espécies de animais usados para este fim, mas quem ainda tem, seja cavalo, boi, cachorro, pomba, coelho... na maioria dos circos a crueldade continua presente...
Diante de tantas transformações, leis criadas para garantir o bem estar animal, protetores de olho, quando vem circos assim nas cidades, continuo afirmando que:  "O circo chegou... e não trouxe alegria!"

6 comentários:

  1. Penso que toda mudança está calcada no conhecimento, sensibilidade e proibição. Quando faltam as duas primeiras, somente uma lei PROIBINDO E PUNINDO fará com que as outras duas venham à tona. Ou nao, diria Caetano.

    Acho horrível animais em circo como acho horrível brigas de galos e rodeios. acho que são aborígenes denao ter o que fazer.

    Enfim...nao fui sempre assim - mas creio que a sensibilidade e o conhecimento chegaram muito cedo pra mim...

    Mas, em casa que se chuta cães nao se pode exigir das crianças, amor aos bichos!

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    1. Concordo plenamente com seu comentário e acredito que toda a mudança e sensibilidade de amor e respeito pelos animais, esta nas mãos das crianças, que desde cedo devem compreender a conviver harmoniosamente com todas as criaturas...crueldades NUNCA MAIS *-*

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  2. O QUE SE ENSINA E O QUE SE APRENDE !


    APRENDE-SE DESDE CEDO QUE O MELHOR CONSELHO É O EXEMPLO E ISSO É SUPER VERDADEIRO.

    QUANDO OUVI PELA PRIMEIRA VEZ A CANÇAO > "PASSARINHO NA GAIOLA FEITO GENTE NA PRISÃO" ENTENDI MUITO MAIS QUE A FRASE PUDESSE EXPLICITAR.

    pássaros nasceram pra voar... o sonho de liberdade sempre se associa ao verbo. É lindo e extremamente comovente o balançar de suas asas, o canto canoro...acordar com pássaros é feito bálsamo...

    Nao consigo imaginar que haja quem se sinta incomodado com o cantar no amanhcer, com o cocoricó, com latidos ou ainda com as pegadas na calçada....

    issso tudo tem conserto...o que definitivamente nao tem, é a falta de percepção...porque há coisas que se ensina e outras que se sente, simples assim.

    E isso tudo pra dizer que quem mantém animais em cativeiros - em circos, jaulas, ou algo que se assemelhe, definitivamente, nao possui sensibilidade, carinho e percepção... e isso, nao se aprende

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    1. Obrigado por expôr sua opinião, que só veio acrescentar tudo o que penso em relação a qualquer tipo de manifestação de crueldades contra animais, independente de qual animal ou situação, eles merecem e tem o direito de serem respeitados e dignos de viver aqui, cada qual no seu tempo, sem ter que sentir medo, tristeza ou indignação pela raça humana!!!

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  3. Mônica, graças a Deus aqui em Itajaí existe uma lei que proíbe qualquer apresentação com animais. No início, uma porção de gente estúpida criticou o projeto, mas felizmente a lei foi aprovada e ninguém mais concorda com esse "espetáculo de horrores".

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  4. Que bom Giuli ler isso! Ainda bem que as autoridades estão se conscientizando que divertir "o povo" com o sofrimento dos animais é ridículo e cruel!

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