Eu, sendo totalmente contra animais em circos, passei a frequenta- los, somente quando não tinham bichos...
Os anos foram passando, eu cresci e os circos
obrigatoriamente mudando o foco das suas costumeiras apresentações, afinal, começaram a ser criadas e cobradas Leis de
proteção a maus- tratos aos animais.
Pessoas sensíveis e inteligentes, com um profundo
sentimento de amor e respeito por estas criaturas, também pensavam como eu,
pois desde pequenininha eu já havia percebido: “Circo com animais não traz
alegria...”
Aos poucos, muitas cidades passaram a proibir
apresentações de circo assim, via na televisão algumas reportagens
mostrando que esses animais, retirados dos circos, infelizmente não poderiam
voltar ao seu habitat natural, então eram acolhidos em zoológicos. Continuariam
a ser uma atração, mas pelo menos teriam mais conforto, segurança, água, comida
adequada para cada espécie e dependendo dos tratadores, recebiam amor e
carinho...
Mas, voltei a ficar triste e preocupada, quando vi
que alguns circos, passaram então a anunciar, que teriam animais de rodeios nas suas apresentações.
Há uns quatro anos atrás, passou um aqui em Iomerê,
que se instalou no pátio, ao lado da igreja Matriz.
Minha filha e meus sobrinhos apaixonados por circo
como eu, quiseram ir. Eu nunca tinha assistido apresentações com esses animais e fiquei apreensiva, mas até mesmo, colegas meus disseram, quando comentei o que pensava sobre
espetáculos assim: “Pode ir, é bem legal, eles não machucam o animal, só brincam
com ele.” Eu não confiava muito nesta espécie de “brincadeira”, mas vendo a
empolgação da minha filha e meus sobrinhos com a novidade de circo na cidade,
combinei com o Gabriel de levarmos eles assistirem o tão esperado espetáculo.
Sentamos nas cadeirinhas, com as mãos recheadas de
pipoca, refrigerante, algodão doce e maçã- do- amor. Rimos muito com o palhaço e
aplaudimos com entusiasmo todas as apresentações que anunciavam no picadeiro. As
crianças estavam amando e eu mais ainda, pois sabia que a diversão não consistia
no sofrimento ao expor animais.
Então, como ultimo número anunciaram o tal “circo
- rodeio”, recolheram o picadeiro, começaram a montar uma arena com grades de
ferro, sentimos o clima de rodeio encher o ar...
Céus, que decepção, que horror, quanta crueldade eu
presenciei, o anunciado boi bravo, não passava de um grande bezerro, assustado
com todas aquelas luzes, som alto, gente gritando e se oferecendo pra
demonstrar sua força e coragem de dominar ele pelos chifres. Mas o animal,
coitadinho, se recusava a sair da baia pra vir no centro da arena, onde uns idiotas
esperavam pra enfrenta - lo.
Comecei a ficar angustiada, o Gabriel notando meu
desespero e preocupado com a atitude que eu poderia ter, insistia em me levar
embora, nisso de tanto grito, paulada, puxa daqui e empurra dali, finalmente ele saiu
dando pinotes, mais assustado do que bravo e vi nos seu olhos o desespero de
não saber o que estava fazendo ali.
Não me contendo diante de tudo aquilo, comecei a chorar quando vi suas costas sangrando, machucadas e seu rabinho todo torto, quebrado em vários lugares... queria ir lá pegar aquela porcaria de microfone e aos berros acabar com aquela crueldade, mas acho que eu era a única a estar assim, nem as crianças notaram o que estava acontecendo, que espécie de feitiço envolve as pessoas, que nessas horas parece que perdem a noção entre o BEM e o MAL? Como conseguiam ficar indiferentes ao olhar de suplica e dor do animal?
Não me contendo diante de tudo aquilo, comecei a chorar quando vi suas costas sangrando, machucadas e seu rabinho todo torto, quebrado em vários lugares... queria ir lá pegar aquela porcaria de microfone e aos berros acabar com aquela crueldade, mas acho que eu era a única a estar assim, nem as crianças notaram o que estava acontecendo, que espécie de feitiço envolve as pessoas, que nessas horas parece que perdem a noção entre o BEM e o MAL? Como conseguiam ficar indiferentes ao olhar de suplica e dor do animal?
Temendo um escândalo e a revolta das pessoas que aplaudiam
e gritavam, adorando tudo aquilo, o Gabriel me tirou as pressas de lá. Cheguei
em casa triste, chorando, indignada e muito brava com ele, por não ter me deixado acabar com aquilo. Depois, de cabeça fria percebei, que eu com certeza passaria
de louca, histérica e escandalosa na opinião daquelas pessoas, ninguém que estava
lá entenderia minha atitude. Eu não iria de forma alguma, acabar com o
espetáculo como eu imaginava, mas com certeza seria expulsa com vaias e
desaforos.
Na segunda- feira no colégio, durante as aulas, interroguei meus alunos e os que estavam naquela noite no espetáculo, disseram que
adoraram... eles também não perceberam a crueldade, só viam a diversão e mesmo
com muita conversa, questionamentos, somente alguns
concordaram comigo que foi crueldade sim!
Triste constatei que, com o passar dos anos, a
vida de alguns circos, pela pressão da lei que protege os animais, mudaram somente
as espécies de animais usados para este fim, mas quem
ainda tem, seja cavalo, boi, cachorro, pomba, coelho... na maioria dos circos a crueldade continua presente...
Penso que toda mudança está calcada no conhecimento, sensibilidade e proibição. Quando faltam as duas primeiras, somente uma lei PROIBINDO E PUNINDO fará com que as outras duas venham à tona. Ou nao, diria Caetano.
ResponderExcluirAcho horrível animais em circo como acho horrível brigas de galos e rodeios. acho que são aborígenes denao ter o que fazer.
Enfim...nao fui sempre assim - mas creio que a sensibilidade e o conhecimento chegaram muito cedo pra mim...
Mas, em casa que se chuta cães nao se pode exigir das crianças, amor aos bichos!
Concordo plenamente com seu comentário e acredito que toda a mudança e sensibilidade de amor e respeito pelos animais, esta nas mãos das crianças, que desde cedo devem compreender a conviver harmoniosamente com todas as criaturas...crueldades NUNCA MAIS *-*
ExcluirO QUE SE ENSINA E O QUE SE APRENDE !
ResponderExcluirAPRENDE-SE DESDE CEDO QUE O MELHOR CONSELHO É O EXEMPLO E ISSO É SUPER VERDADEIRO.
QUANDO OUVI PELA PRIMEIRA VEZ A CANÇAO > "PASSARINHO NA GAIOLA FEITO GENTE NA PRISÃO" ENTENDI MUITO MAIS QUE A FRASE PUDESSE EXPLICITAR.
pássaros nasceram pra voar... o sonho de liberdade sempre se associa ao verbo. É lindo e extremamente comovente o balançar de suas asas, o canto canoro...acordar com pássaros é feito bálsamo...
Nao consigo imaginar que haja quem se sinta incomodado com o cantar no amanhcer, com o cocoricó, com latidos ou ainda com as pegadas na calçada....
issso tudo tem conserto...o que definitivamente nao tem, é a falta de percepção...porque há coisas que se ensina e outras que se sente, simples assim.
E isso tudo pra dizer que quem mantém animais em cativeiros - em circos, jaulas, ou algo que se assemelhe, definitivamente, nao possui sensibilidade, carinho e percepção... e isso, nao se aprende
Obrigado por expôr sua opinião, que só veio acrescentar tudo o que penso em relação a qualquer tipo de manifestação de crueldades contra animais, independente de qual animal ou situação, eles merecem e tem o direito de serem respeitados e dignos de viver aqui, cada qual no seu tempo, sem ter que sentir medo, tristeza ou indignação pela raça humana!!!
ExcluirMônica, graças a Deus aqui em Itajaí existe uma lei que proíbe qualquer apresentação com animais. No início, uma porção de gente estúpida criticou o projeto, mas felizmente a lei foi aprovada e ninguém mais concorda com esse "espetáculo de horrores".
ResponderExcluirQue bom Giuli ler isso! Ainda bem que as autoridades estão se conscientizando que divertir "o povo" com o sofrimento dos animais é ridículo e cruel!
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