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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Uma mocinha independente chamada PENÉLOPE (Parte II)



Eu e minha filha Nicole acompanhamos, muito emocionadas, o nascimento do primeiro bebezinho de Penélope, depois nos afastamos pra deixar ela a sós e sossegada, pra realizar esta tarefa, tão lindamente dolorida que é o de ser mãe.
Na manhã seguinte, encontramos Pepe com um olhar cansado, mas atento a qualquer movimento, que pudesse parecer uma ameaça aos seus filhotes...
Eram quatro lindos cãezinhos, pretinhos com manchas marrons...
Céus, eu não via a hora de poder pegar um pouquinho eles, ela querida, não saia da casinha nem pra comer, então com muito cuidado me aproximava, oferecia comida na sua boquinha e ela comia tudo com muito gosto. Por este motivo, eu era a única que podia me aproximar de sua casinha, sem ela ameaçar morder.
Passado alguns dias, ela me deixou pega-los pela primeira vez... não esqueço minha emoção, o calorzinho daqueles corpinhos tão pequenos e frágeis, o cheirinho de leitinho, bafinho de filhote... quanto amor meu coração sente em momentos tão especiais como aquele.
Penélope, até esta etapa da vida de seus bebes, era uma mãe zelosa e não saia de perto deles.
Quando dei por mim, eles já estavam de olhinhos abertos e sempre que eu me aproximava da casinha, ouvia bem baixinho latidinhos e rosnadinhas... eu podia ficar horas, admirando os passinhos cambaleantes, as mamadas intercaladas por sonequinhas deliciosas.
Na escola, eu anunciei o nascimento deles e vários alunos queriam adota- los, então tive tempo de ir escolhendo, quem eu queria que adotasse meus pequeninhos.
Logo tivemos que muda- los de lugar, porque queriam correr pra todos os lados, na época eu morava com minha mãe e o lote é aberto, seria um perigo irem para a rua, então o Gabriel levou a casinha perto do paiol e fez um cercadinho de tabuas ao redor.
Todo dia era a mesma coisa, antes de eu e a Nicole irmos pra escola de manhã, eu levava eles pra dentro de casa e dava leitinho e pão, ao meio dia e a noite também, pois a Penélope já não estava mais querendo amamenta-los, sem contar que as tetinhas dela estavam cheias de mordidinhas... tadinha.
Os meus dias eram tão corridos que quando percebi, eles já estavam desmamados, malandrinhos e muito espertos, não paravam mais no cercadinho e minha mãe e a Nicole, já não davam mais conta de cuidar para que não fugissem de lá e fossem perto dos cães maiores, que na época estavam comigo, também a espera de alguém que os adotasse... e com um aperto no coração, vi que era chegada a hora de entregar meus pequeninhos  pra adoção.
Me enrolei ainda uma semana, mas sabia que a situação estava cada vez mais complicada.
Eu e a Nicole, aproveitamos cada minutinho, quando podíamos estar com eles, muitas fotos, vídeos e muitas gargalhadas vendo as travessuras que aprontavam.
Eram muito amadinhos e tinha um, o mais pequeninho deles que nasceu pitoquinho, era uma gracinha.
Enquanto isso a senhorita Penélope, que aprendeu a se soltar, “corria as tranças por aí”... o que não era nada bom, porque infelizmente podia ser  atropelada ou envenenada!
Nada do que tentávamos para impedir suas fugidas adiantava... trocamos de coleira, mas sua cabecinha e seu pescoço são quase do mesmo tamanho e era só ela dar umas puxadas que já estava livre...
Colocamos então um peitoral, todo bonitinho, por uns dias funcionou (o que deixou ela muito mal humorada), mas logo a malandrinha encontrou uma maneira de se livrar dele também... a cena era  curiosa e engraçada, ela ia até onde a corrente deixava, então se virava de frente pra corrente e ia se remexendo, igual as contorcionistas que aparecem na TV e ia tirando uma patinha do peitoral, outra e pra minha tristeza, lá estava ela se sacudindo faceira, livre novamente... e surda... sim, porque era só botar a patinha na rua que parecia não ouvir mais a gente desesperado gritando: “Penélope volta aqui...” e pensa que voltava? Só quando já estava cansada e com fome aparecia...
Morríamos de preocupação e não sossegávamos até a danadinha voltar...
Seus bebezinhos, já nem sentiam mais tanto a falta dela, quem estava sofrendo há semanas era eu e a Nicole, pensando em como suportar a ausência deles, sem chorar.
Depois de muito pensar, decidi qual daria pra quem... os escolhidos foram: duas alunas minhas, uma professora que na época trabalhava na mesma escola que eu e uma mocinha muito querida que cuidava da sala de computação do colégio.
Na ultima noite com os fofinhos em nossa casa, eu e a Nicole ficamos um tempão com eles e registramos cada momento, desejando a eles toda sorte e amor do mundo.
Levamos eles pra dormirem, sabendo que este ritual de “pega, da comidinha, carinho, beijinhos, risadas, colinho... e leva de volta pra casinha”, era a ultima vez que faríamos... choramos uma abraçada na outra.
E a dona Penélope aquelas alturas da noite onde estava? Vai saber...
No dia seguinte a Nicole foi pra escola e eu fiquei em casa, porque era minha manhã de folga, então tive tempo de alimenta- los e me despedir demoradamente de cada um.
Me doeu tanto ter que por eles na caixinha e levar até a escola, que ainda hoje lembro nitidamente daquela manhã fria, o barulho de meus passos e o pior, os olhinhos deles a fitar profundamente nos meus... céus eu juro, eles sabiam de tudo que estava acontecendo, podia perceber a certeza que eles sentiam da despedia, que talvez nunca mais nos encontraríamos... assim foi até chegarmos na escola.
Não queria chorar, mas não pude evitar, entreguei cada um deles com a promessa que, se não os quisessem  mais ou eles não se adaptassem seriam devolvidos a mim, mas infelizmente mesmo eu implorando por isso, uma de minhas alunas e a professora acabaram, tempos depois dando eles a outras pessoas, o que me deixou muito triste.
Não faz muito tempo, de um deles tive notícias, o que ficou com minha outra aluna, ela até me mandou foto... está adulto, faceiro, lindão e com cara de quem manda no pedaço, que emoção ao ver aquela fotografia.
A Pepe ficou por uns dias procurando por eles, não viu quando levei- os embora (estava “ruando” pra variar) mas logo parecia ter esquecido, pois ela tinha coisas mais interessantes pra fazer... descobrir o tamanho da cidade, cada canto, quintal ou rua minuciosamente  explorados, afinal na cabecinha dela, tinha um monte de lugares pra visitar e muitas coisas ainda a aprontar...

2 comentários:

  1. Kkkkkkkk...ri muito da Penélope correr as tranças! Hehehehe...que história linda!!É incrível como são mães de verdade! Lindo demais Mônica! Muitos beijos pra você e a Nicole!!

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    1. hahaha... mas é bem assim mesmo Lila com a Srta Penélope... vc precisa conhecer ela pessoalmente, tinhosa, geniosa mas uma fofinha ♥ bjo *---*

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