Eu e minha filha Nicole acompanhamos, muito
emocionadas, o nascimento do primeiro bebezinho de Penélope, depois nos
afastamos pra deixar ela a sós e sossegada, pra realizar esta tarefa, tão
lindamente dolorida que é o de ser mãe.
Na manhã seguinte, encontramos Pepe com um olhar
cansado, mas atento a qualquer movimento, que pudesse parecer uma ameaça aos
seus filhotes...
Eram quatro lindos cãezinhos, pretinhos com manchas
marrons...
Céus, eu não via a hora de poder pegar um pouquinho
eles, ela querida, não saia da casinha nem pra comer, então com muito cuidado
me aproximava, oferecia comida na sua boquinha e ela comia tudo com muito
gosto. Por este motivo, eu era a única que podia me aproximar de sua casinha,
sem ela ameaçar morder.
Passado alguns dias, ela me deixou pega-los pela
primeira vez... não esqueço minha emoção, o calorzinho daqueles corpinhos tão
pequenos e frágeis, o cheirinho de leitinho, bafinho de filhote... quanto amor
meu coração sente em momentos tão especiais como aquele.
Penélope, até esta etapa da vida de seus bebes, era
uma mãe zelosa e não saia de perto deles.
Quando dei por mim, eles já estavam de olhinhos
abertos e sempre que eu me aproximava da casinha, ouvia bem baixinho latidinhos
e rosnadinhas... eu podia ficar horas, admirando os passinhos cambaleantes, as
mamadas intercaladas por sonequinhas deliciosas.
Na escola, eu anunciei o nascimento deles e vários
alunos queriam adota- los, então tive tempo de ir escolhendo, quem eu queria
que adotasse meus pequeninhos.
Logo tivemos que muda- los de lugar, porque queriam
correr pra todos os lados, na época eu morava com minha mãe e o lote é aberto,
seria um perigo irem para a rua, então o Gabriel levou a casinha perto do paiol
e fez um cercadinho de tabuas ao redor.
Todo dia era a mesma coisa, antes de eu e a Nicole
irmos pra escola de manhã, eu levava eles pra dentro de casa e dava leitinho e
pão, ao meio dia e a noite também, pois a Penélope já não estava mais querendo
amamenta-los, sem contar que as tetinhas dela estavam cheias de mordidinhas...
tadinha.
Os meus dias eram tão corridos que quando percebi,
eles já estavam desmamados, malandrinhos e muito espertos, não paravam mais no
cercadinho e minha mãe e a Nicole, já não davam mais conta de cuidar para que
não fugissem de lá e fossem perto dos cães maiores, que na época estavam comigo,
também a espera de alguém que os adotasse... e com um aperto no coração, vi que
era chegada a hora de entregar meus pequeninhos pra adoção.
Me enrolei ainda uma semana, mas sabia que a
situação estava cada vez mais complicada.
Eu e a Nicole, aproveitamos cada minutinho, quando
podíamos estar com eles, muitas fotos, vídeos e muitas gargalhadas vendo as
travessuras que aprontavam.
Eram muito amadinhos e tinha um, o mais pequeninho
deles que nasceu pitoquinho, era uma gracinha.
Enquanto isso a senhorita Penélope, que aprendeu a
se soltar, “corria as tranças por aí”... o que não era nada bom, porque
infelizmente podia ser atropelada ou
envenenada!
Nada do que tentávamos para impedir suas fugidas
adiantava... trocamos de coleira, mas sua cabecinha e seu pescoço são quase do
mesmo tamanho e era só ela dar umas puxadas que já estava livre...
Colocamos então um peitoral, todo bonitinho, por
uns dias funcionou (o que deixou ela muito mal humorada), mas logo a
malandrinha encontrou uma maneira de se livrar dele também... a cena era curiosa e engraçada, ela ia até onde a
corrente deixava, então se virava de frente pra corrente e ia se remexendo,
igual as contorcionistas que aparecem na TV e ia tirando uma patinha do
peitoral, outra e pra minha tristeza, lá estava ela se sacudindo faceira, livre
novamente... e surda... sim, porque era só botar a patinha na rua que parecia
não ouvir mais a gente desesperado gritando: “Penélope volta aqui...” e pensa
que voltava? Só quando já estava cansada e com fome aparecia...
Morríamos de preocupação e não sossegávamos até a danadinha voltar...
Morríamos de preocupação e não sossegávamos até a danadinha voltar...
Seus bebezinhos, já nem sentiam mais tanto a falta
dela, quem estava sofrendo há semanas era eu e a Nicole, pensando em como
suportar a ausência deles, sem chorar.
Depois de muito pensar, decidi qual daria pra
quem... os escolhidos foram: duas alunas minhas, uma professora que na época
trabalhava na mesma escola que eu e uma mocinha muito querida que cuidava da
sala de computação do colégio.
Na ultima noite com os fofinhos em nossa casa, eu e
a Nicole ficamos um tempão com eles e registramos cada momento, desejando a
eles toda sorte e amor do mundo.
Levamos eles pra dormirem, sabendo que este ritual
de “pega, da comidinha, carinho, beijinhos, risadas, colinho... e leva de volta
pra casinha”, era a ultima vez que faríamos... choramos uma abraçada na
outra.
E a dona Penélope aquelas alturas da noite onde
estava? Vai saber...
No dia seguinte a Nicole foi pra escola e eu fiquei
em casa, porque era minha manhã de folga, então tive tempo de alimenta- los e
me despedir demoradamente de cada um.
Me doeu tanto ter que por eles na caixinha e levar
até a escola, que ainda hoje lembro nitidamente daquela manhã fria, o barulho
de meus passos e o pior, os olhinhos deles a fitar profundamente nos meus...
céus eu juro, eles sabiam de tudo que estava acontecendo, podia perceber a
certeza que eles sentiam da despedia, que talvez nunca mais nos encontraríamos...
assim foi até chegarmos na escola.
Não queria chorar, mas não pude evitar, entreguei
cada um deles com a promessa que, se não os quisessem mais ou eles não se adaptassem
seriam devolvidos a mim, mas infelizmente mesmo eu implorando por isso, uma de
minhas alunas e a professora acabaram, tempos depois dando eles a outras
pessoas, o que me deixou muito triste.
Não faz muito tempo, de um deles tive notícias, o
que ficou com minha outra aluna, ela até me mandou foto... está adulto, faceiro, lindão
e com cara de quem manda no pedaço, que emoção ao ver aquela fotografia.
A Pepe ficou por uns dias procurando por eles, não
viu quando levei- os embora (estava “ruando” pra variar) mas logo parecia ter
esquecido, pois ela tinha coisas mais interessantes pra fazer... descobrir o
tamanho da cidade, cada canto, quintal ou rua minuciosamente explorados, afinal na cabecinha dela, tinha
um monte de lugares pra visitar e muitas coisas ainda a aprontar...
Kkkkkkkk...ri muito da Penélope correr as tranças! Hehehehe...que história linda!!É incrível como são mães de verdade! Lindo demais Mônica! Muitos beijos pra você e a Nicole!!
ResponderExcluirhahaha... mas é bem assim mesmo Lila com a Srta Penélope... vc precisa conhecer ela pessoalmente, tinhosa, geniosa mas uma fofinha ♥ bjo *---*
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