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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

CASA de PASSARINHO



Passarinhos em gaiolas sempre me causaram uma agonia tamanha... 
Estar preso nela deve ser igual ao que a gente sente, quando quer se esticar mas não tem espaço e vai dando aquela dor incomoda pelo corpo todo, que aos poucos vai se tornado insuportável.
Ouvir seus “cantos- engaiolados” é estar diante da mais perfeita sintonia entre a tristeza da prisão e a esperança de um dia voltar a voar livre pela imensidão do céu.
Nunca entendi qual a graça de aprisionar um bichinho tão amado e ficar ouvindo extasiado seus lamentos, que muitos confundem com cantos de euforia.
Desde pequena eu já tentava imaginar como deve ser feliz a vida de um passarinho que tem a sorte de não encontrar pelo caminho: caçadores, meninos com estilingue, arapucas ou a boquinha esfomeada de algum gatinho... 
Os que sobrevivem a isso, desfrutam de uma natureza variada pra matar a fome, podem escolher aonde vão beber água, fazer seus ninhos, em que galhos vão repousar... bem pelo menos aqui aonde vivo “ainda” é assim.
Mas não foi pra registrar a vida de nenhum passarinho em especial, mesmo já tendo cuidado e salvado tantos por esta minha vida afora, que resolvi escrever esta historia, mas para contar de uma de suas moradas...
Parece que foi ontem...
Estava com uns sete anos quando, chegando à casa dos meus avós maternos, encontro uma casinha de madeira linda, pintadinha com portas e janelinhas, em cima de uma mesa. Nem preciso dizer que “é claro”  já achei que era pra mim... mas infelizmente não era...
Meu avô tinha feito a casinha, pra uma menina que ficou morando uns tempos por lá, ajudando minha avó.
Sua professora na época (não sei o motivo) mandou que fizessem casinhas de tarefa, como ela era pequena pediu ajuda a ele. 
E como diz o ditado: “O ciúme é medo disfarçado de amor”, eu quase enfartei de desgosto, ao saber que meu avô adorado, tinha feito uma casinha linda e que não seria minha...
Meu pai vendo minha tristeza me prometeu: “Assim que eu tiver um tempo, faço uma bem bonita pra você também”.
Chegando o fim de semana seguinte, meu pai me chamou pra ver ele fazer a tão esperada casinha.
Saí correndo atrás dele e ficava imaginando como podia saber fazer um pouco de tudo, pra mim mais que um gênio, ele era meu herói.
Ajudei ele a pintar as paredes de branco e o telhadinho, portas, janelas e a base marrom, da mesma cor da nossa casa. Borramos um pouco nas portinhas, mas não demos importância, porque pra nós, ela tinha ficado maravilhosa.
Meus olhos brilhavam de felicidade, ela não abria as portas ou janelas, mas na minha imaginação lá dentro existiam vidas, era só fechar os olhos e como num passe de mágica , eu estava no interior dela, brincando com minhas bonecas, morando numa casinha minúscula, como a personagem do livro Alice no País das Maravilhas.
Conforme fui crescendo aquele objeto de madeira passou a ter significados diferentes, mas não menos importantes... das minhas brincadeiras diárias, foi ficando pra “de vez em quando”, até passar a ser um enfeite no criado- mudo do meu quarto, aonde permaneceu por muito tempo.
Quando minha filhotinha nasceu, há quinze anos atrás, a casinha foi parar na prateleira com seus brinquedos.
Os anos foram passando e quando Nicole já não brincava mais com ela, colocamos no chão, pra enfeitar e ao mesmo tempo segurar a porta do nosso quarto.
Há uns dez anos atrás, meu pai pediu pra mim, se eu me importava que ele pendurasse a casinha lá fora, pra fazer morada de passarinho. Eu adorei a ideia,  fui ao quarto pegar a casinha e ele tirou as duas abinhas em forma de triangulo, pra que eles pudessem entrar e fazerem o ninho.
E lá está penduradinha ate hoje...
Meu amado pai não esta mais comigo fisicamente neste mundo, mas a casinha que ele me fez e que guardei com tanto cuidado e carinho, durante esses anos todos, ainda esta servindo de moradia pra muitas e muitas famílias de passarinhos, construírem seus ninhos, cada um ao seu tempo e viverem felizes e livres... como realmente devem ser.
E por amor a todos os pássaros que sofrem aprisionados, mesmo que em belíssimas gaiolas douradas, que eu acrescentei uma unica palavra que deveria estar, por obrigação nesta antiga canção: 
"Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho 
voou, voou, voou 
e a menina que gostava tanto do bichinho...
'FELIZ' chorou, chorou, chorou."

Um comentário:

  1. ELIANE MARIANI querida amiga... td bem?... então roubaram minha senha de e-mail faz quase um mês e não consegui mais recuperar, e infelizmente perdi todos os meus contatos inclusive o seu email tbem. Se vc ler este comentario deixe seu endereço eletronico pra que eu possa entrar em contato com vc de novo... bjão *-*

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