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quarta-feira, 11 de junho de 2014

CARAMELO, KAVITA e a Bendita Lanterna (Parte I)

NOTA: Sempre senti o maior orgulho ao escrever minhas historias, com os anjos que resgato, pois amo cada uma delas. Criei este blog pra poder registrar as emoções que vivi ao lado deles. São historias verdadeiras, umas simples, outras complicadas, mas todas baseadas em fatos reais, pois acima de tudo neste espaço, quero gravar cada detalhe que esta guardado em meu coração, pra que fiquem registrados, mesmo quando o tempo e a idade insistirem em querer apaga-los da minha memoria. Nelas cito somente os nomes dos animais e meus familiares, mas infelizmente muitas vezes envolvem outras pessoas, as quais não divulgo nomes, mas as situações da presença delas, que é fundamental, afinal não vou esconder a realidade diante do que passei e passo a vida toda como Protetora e encobrir fatos pra poupar algo ou alguém, seria hipocrisia minha esconder partes do que realmente aconteceu, pois estaria acima de tudo mentindo pra mim mesma.
Também não pretendo com isso ofender ninguém (verdades ofende??), nem USAR meu Trabalho Voluntário pra futuramente me candidatar a NADA... cargo político, presidente de ONG, nem fazer parte de algo que tenha STATUS, meu único intuito é continuar seguindo NA MINHA o que considero minha missão: Proteger os animais que cruzam meu caminho, não importando a espécie.
Sei também que em todas as minhas historias tem erros de concordância, pontuação etc, não sou escritora profissional, apenas uma Protetora com a memória e o coração cheio de emoções vividas e que deseja eternizar-las em algum lugar...
Contar a historia do Caramelo e da Kavita é complicado, pois são dois resgates com dias, locais e diferentes situações, mas resolvi escrever as duas juntas, porque em algum momento, por desgraça do destino, elas de certa forma se unem, pois infelizmente envolvem as mesmas pessoas.


Em uma tarde, no mês de janeiro de 2014, estava me organizando pra fechar os patudinhos no canil, quando ouvi um ex-aluno me chamar... ”Profe, vim te avisar que na estrada entre Pinheiro Preto e Iomerê tem um cão atropelado, com a perna quebrada, que dá até para ver o osso...” 
Céus, que noticia mais triste, apesar de ser Protetora a vida toda, nunca consegui preparar e dominar meu coração, que fica angustiado diante dessas situações... minha cabeça em instantes começa a ferver, tentado pensar em tudo: ligar desesperada pro meu marido, como ir busca-lo?, Será que ainda esta vivo?, procurar o veterinário e o pior, aonde abrigar mais um em nossa casa-de-passagem, que sempre esta lotada...
Expliquei que não tinha como ir resgatar o cão naquele exato momento, ele então se prontificou pra ir busca-lo pra mim. Pouco tempo depois voltou dizendo que não o encontrou, deduzimos então, que o coitadinho deveria ter dono e já teria sido socorrido.
Mesmo assim à noite, quando o meu marido Gabriel estava voltando pra casa, pedi pra ele ir ate o local indicado e fazer mais uma busca, mas foi em vão, nem sinal do cão.
As semanas foram passando, mais animais sendo acolhidos e apesar de tudo, a rotina transcorria normalmente (exceto por uma dor de cabeça que me consumia à dias, maldita enxaqueca), até me ligarem avisando, que tinha um cão abandonado em frente a uma agropecuária.
Pedi que se pudessem fazer algo por ele por uns dias ficaria agradecida, pois estava sem espaço (tinha acolhido um cão pretinho e fofinho, que foi abandonado em Bom Sucesso e já estava com adoção certa, só não tinha entregado ainda, porque também mancava de uma perna e queria levar no veterinário antes de doa-lo.
Algumas horas depois o mesmo ex-aluno e sua namorada vieram de bicicleta até minha casa, seguidos por um cão magro, sujo, com os pêlos embolados e completamente manco de uma perna... dava para ver o osso exposto, mas mesmo assim muito lindo!
“Profe... acredita que este é o cachorro que vi aquele dia atropelado?”
Nem acreditei, coitadinho o estrago tinha sido grande, além da perna quebrada, dava para ver o pintinho dele completamente pra fora, a pele rasgada, apesar de já estar aparentemente sarado e milagrosamente sem bicheiras. Quanta dor não passou durante todas aquelas semanas? Onde ficou esse tempo todo? Como se alimentou? Essas perguntas até hoje estão sem resposta...
A cabeça latejava e eu mal consegui ficar em pé...
Minha filha Nicole começou a providenciar coleira e guia e juntas tentávamos pensar num local pra abriga-lo.
Com o canil lotado, iria ficar no lote da minha mãe, que é do lado da minha casa, que também já estava com muitos animais, naqueles dias estávamos com 24 cães e 3 gatas.
A Nicole carpiu embaixo de uma arvorezinha e colocamos uma casinha quebrada (a única disponível) apesar de saber que ele nem iria querer entrar nela. Voltamos pra rua para por a coleira e a guia nele e quem disse que o malandrinho queria vir... céus, foi quase uma hora pra convence-lo a nos seguir, como ele empacava e a gente tinha medo de pegar no colo que ele mordesse, fomos chamando-o com comida, cada passo era dez minutos de parada.
O rapaz e a moça que trouxeram ele, logo depois voltaram com um saco de ração, uma coleira e corrente novas, o que me deixou muito feliz, pois aceitamos de coração todo tipo de doação, ainda mais quando vem com tanto carinho.
A família da moça estavam passando na rua nesta hora e o pai dela veio ajudar a gente a prender bem ele, pra que não fugisse ou se soltasse e fosse brigar com os outros que estão ali. O lote na casa da minha mãe (onde acolho parte deles) é todo aberto, por isso é necessário amarra-los para evitar que briguem ou fujam e sejam atropelados.
As irmãzinhas da moça e do rapaz, também estavam andando de bicicleta e acompanhavam emocionadas o resgate daquele amadinho, pediram se poderiam chama-lo de CARAMELO, amei o nome e assim ele foi batizado.
A Nicole arrumou cobertinha, pote de água e ele deitado só acompanhava ela com o olhar, mas quando chegou com a comida, ele estava tão faminto, que mesmo com dificuldade se levantou e em instantes devorou tudo, tadinho.
Ele estava incomodado em se ver preso, fizemos um monte de carinho nele, pra se acalmar (não queria ficar amarrado) e quando viemos pra casa já estava escuro, ficamos rezando pra que não latisse durante a noite e agitasse todos os outros.
Levaria ele consultar somente na manhã seguinte, pois aqui na minha cidade não tem Clínica Veterinária.
Chegamos em casa e minha cabeça parecia que ia explodir, tentei mais uma vez tomar remédio, mas não adiantou, piorei, minha filha foi chamar meu irmão e me levaram no hospital em Videira (cidade próxima), onde fiquei internada em observação até o dia seguinte.
Voltei pra casa me sentindo melhor e assim que consegui, fui atrás do Caramelo, ligar pro veterinário, ver de carona, tirar fotos, divulgar nas redes sociais e tentar pedir algum tipo de ajuda, já que pelo visto o caso dele ia ser bem complicado e infelizmente nós não estávamos em condições financeiras de arcar com mais estas despesas.
Algumas das pessoas que visualizaram o álbum dele se prontificaram em ajudar, entre elas, uma alma abençoada da cidade de Videira, que deixou recado me avisando que se comprometeria em dar carona pro Caramelo ate o veterinário e assim fez. 
Veio ela, a família e até uma vizinha ajudar, estava garoando e nem se importaram em por aquele querido todo sujo dentro do carro, pedi se podiam levar o cãozinho pretinho que tinha vindo de Bom Sucesso para aproveitar a viagem, elas disseram que sim, corri para pega-lo e com o carro lotado, foram rumo ao Veterinário.
Avisei a Clínica que logo estariam chegando, eles como sempre, me acalmaram e disseram que assim que os examinassem, dariam notícias avisando.
Sentei no sofá e chorei... de canseira (a praga da dor de cabeça ainda não tinha sumido completamente) e felicidade, pois agora era só aguardar.
Mais um anjo machucado e abandonado acolhido e logo se tudo desse certo, ele estaria melhor, seria adotado por uma família do bem e que de alguma forma a gente conseguiria pagar o tratamento veterinário dele... mas, mal sabia eu que até isso acontecer, muitas coisas boas e ruins estavam por vir, fatos esses que serão contados na continuação desta longa historia...

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