Era bem tarde da
noite, em um domingo do mes de março de 2014, voltando da casa de minha sogra, ao entrarmos na rua
que da acesso a minha casa, vimos em cima do canteiro de flores, na frente de
um prédio em construção, três cães, o único que conheci foi o BARBUDO...
Cãozinho abandonado que os pedreiros deste prédio, encontraram perdido na estrada, pararam o carro e o acolheram, é uma historia linda e com certeza contarei em outro momento.
Cãozinho abandonado que os pedreiros deste prédio, encontraram perdido na estrada, pararam o carro e o acolheram, é uma historia linda e com certeza contarei em outro momento.
Comentei com meu
marido...”Gabi, será que o pessoal da construção achou mais cães?”
Ele despreocupado
falou... “Imagina, esses com certeza tem dono, vai ver que são dos pedreiros,
um deles é Pastor Alemão, não parecem ser abandonados”.
HUNF... benditas e
verdadeiras fossem suas palavras que me tranquilizaram, vim pra casa
despreocupada... se eu soubesse o que estava por vir...
Amanhece o dia, quando
estava indo levar o lixo, olho rua acima, vejo em torno de sete cães em frente
ao prédio.
Subi conversar com os pedreiros e descobri que o Pastor Alemão, era uma fêmea que apareceu abandonada e no cio.
Subi conversar com os pedreiros e descobri que o Pastor Alemão, era uma fêmea que apareceu abandonada e no cio.
Céus, não podia
acreditar... voltei pra casa pegar a maquina e tirei fotos. Comecei a divulgar,
quem sabe ela tivesse dono e só tivesse fugido.
Mas que nada,
infelizmente era abandonada mesmo e cada dia que passava, juntava mais e mais
cães ao redor dela.
Nem sei dizer quantas
vezes tentamos pega-la... sim, TENTAMOS porque, como a população de Iomerê parece que vai enfartar quando enxergam cães reunidos, patas de barro nas calçadas
e latidos de cães a noite, acho até que tem gente que ainda não sabe, que cio é um ciclo que
dura alguns dias, uma hora passa e os cães voltam para suas casas, mas ao invés de terem um pouco de paciência e tolerância, afinal o animal não tem culpa, fazem um alarme que meu senhor... era gente ligando na Prefeitura reclamando do barulho deles, na Polícia, na Vigilância Sanitária e é claro na
minha casa...
E mesmo com todos nós
envolvidos tentando pega-la, não conseguíamos, era arrisca e estava com muito
medo. Os animais ao redor dela não deixavam a gente chegar perto e começaram os avisos de ameaças de que muitas pessoas queriam dar um fim neles, nem sei como ela
sobreviveu a tudo isso, pois a coitadinha e todos os outros foram jurados de morte umas mil vezes.
Pra piorar a situação, o prédio
que ela resolveu se abrigar é perto da praça e entre os dois tem a avenida,
imaginem o perigo, a toda hora lá ia ela seguida por seus
inúmeros admiradores, correndo faceiros pela cidade.
Era tanta gente
reclamando que em um único dia, vieram a Polícia, a Vigilância Sanitária, os empregados da Prefeitura, todos tentado em
vão pega-la, mas como a esperta não ia em um lugar onde pudesse ser
encurralada, corria como louca pela avenida e espaços abertos e ninguém
conseguiu pegar a fujona.
Eu e minha filha
íamos todos os dias alimenta-los cheguei a levar um saco de ração para os
pedreiros darem a vontade pra cachorrada (se não estivessem com fome, pelo menos
não iriam em volta rasgar sacos de lixos). Deixei coleira e corrente pra ver
se eles conseguiam pega- la, mas a danada ia para o prédio depois que os pedreiros iam embora, enquanto isso fazia tour pela cidade, sempre muito, mas muito
acompanhada.
As semanas foram
passando e eu não sabia mais o que fazer, levava comida duas vezes por dia, sempre com a esperança que ela aceitasse que eu não iria machuca-la, mas
por já ter levado tantas pedradas e ser espantada aos berros pelas pessoas, se
mostrava cada vez mais amedrontada e arredia.
Tirei foto de todos os cães que estavam com ela e ia divulgando na rede social, na tentativa que seus donos o reconhecessem e viessem busca-los.
Tirei foto de todos os cães que estavam com ela e ia divulgando na rede social, na tentativa que seus donos o reconhecessem e viessem busca-los.
E em uma dessas divulgações,
aconteceu um fato que até me diverti, pois dois irmãos, ex-alunos meus, muito
queridos por sinal, reconheceram o cão deles e vieram busca-lo a pé, no escuro, durante um temporal. Na volta, passaram na minha casa
pra me contar o que tinha acontecido e rimos muito, disseram eles que enquanto
corriam pela praça atras dele, do outro lado da rua estava terminando a sessão na Câmera de Vereadores e o pessoal que estavam saindo, assistiram os dois
correrem como loucos pra pegar o cão, que tentava de todas as formas escapar e quando
conseguiram pega-lo foram aplaudidos pelo pessoal que acompanhavam a hilariante
cena.
O bonito foi que o danadinho, estava tão acabado das festas que tinha feito nas ultimas semanas, que na hora de irem embora queria colo e não andava de jeito nenhum, engraçado que junto com a Kavita e os outros cães, ele era o mais bravo e ali, nos pés de seus donos parecia um bebezão fazendo dengo...
Enfim, divulgando fotos descobri a maioria dos donos dos cães que acompanhavam a Kavita pela cidade, mas nem todos tiveram a sorte do cão do episódio acima, pois um deles, preto, lindo, já velhinho, que nem imaginava que era de uma amiga minha (moram fora do centro da cidade), apesar da família ter vindo tentar pega-lo não conseguiram e infelizmente acabou morrendo atropelado na avenida, quando me ligaram contando, chorei... tadinho, era bem mansinho, a família ficou muito triste pois gostavam muito dele.
O bonito foi que o danadinho, estava tão acabado das festas que tinha feito nas ultimas semanas, que na hora de irem embora queria colo e não andava de jeito nenhum, engraçado que junto com a Kavita e os outros cães, ele era o mais bravo e ali, nos pés de seus donos parecia um bebezão fazendo dengo...
Enfim, divulgando fotos descobri a maioria dos donos dos cães que acompanhavam a Kavita pela cidade, mas nem todos tiveram a sorte do cão do episódio acima, pois um deles, preto, lindo, já velhinho, que nem imaginava que era de uma amiga minha (moram fora do centro da cidade), apesar da família ter vindo tentar pega-lo não conseguiram e infelizmente acabou morrendo atropelado na avenida, quando me ligaram contando, chorei... tadinho, era bem mansinho, a família ficou muito triste pois gostavam muito dele.
Dias depois o cio
dela foi passando, os animais voltaram pra suas casas, ficando apenas ela e o
Barbudo e mesmo assim, nada de conseguir tira-la das ruas. Houve até pessoas que começaram a dizer que ela estava ficando
agressiva e avançando em todo mundo... também
pudera... a coitada foi perseguida pelos cães, pelas pessoas, sem contar as
pedradas e gritos que ouviu, quando se aproximavam das casas.
Mesmo eu a e a Nicole indo trata-la todos os dias, poucas vezes ela me deixou passar a mão na cabeça, assim que eu tentava chegar mais perto, ela latia assustada e saia correndo.
A situação chegou a um ponto insuportável, a população cobrava das autoridades e de mim algo que precisava de paciência, não é bem assim resgatar um animal quando ele é arrisco.
Jurei que não deixaria que nada de ruim acontecesse a ela, eu seria capaz de qualquer coisa pra evitar a morte da Kavita.
A situação chegou a um ponto insuportável, a população cobrava das autoridades e de mim algo que precisava de paciência, não é bem assim resgatar um animal quando ele é arrisco.
Jurei que não deixaria que nada de ruim acontecesse a ela, eu seria capaz de qualquer coisa pra evitar a morte da Kavita.
Ela apesar de linda,
ninguém até o momento, tinha se manifestado em adota-la caso fosse capturada. Numa dessas postagens que fiz, uma mulher me deixou um recado (muito mal
dado por sinal), dizendo que “talvez” uma conhecida dela adotaria, caso a gente
conseguisse pega-la.
Nesses mesmos dias,
eu ate tinha falado com o Veterinário de Videira, pedindo se tinham algo como “dardo tranquilizante”, ele disse que não, mas se prontificou a vir com sua equipe tentar a captura. Mas eis que, a responsável pela Vigilância Sanitária (que também era uma das grandes interessadas em pegarmos ela, antes que
algo de ruim acontecesse a coitadinha) veio falar comigo e contei que talvez
tivéssemos um possível adotante. Fomos até o sítio desta mulher, que se dizia
interessada, pois quem me deu a informação, se quer repassou endereço, ou
telefone... e lá fui com uma fotografia da Kavita na maquina.
Este sítio fica numa
cidade próxima a Iomerê, chegando lá a
mulher viu a foto, disse que queria um Pastor Alemão, mas macho e que era
pra cuidar do sítio, pois já tinham sido assaltados. Eu então me prontifiquei a
achar ajuda pra castração, só então ela aceitou adotar a Kavita.
Voltamos, eu e a
responsável pela Vigilância e combinamos
de ir tentar pegar ela mais uma vez (pela milésima eu acho) e ela teve a
brilhante ideia de pedir ajuda a um laçador de rodeio.
A tarde estávamos todos reunidos em volta do prédio, Kavita estava lá naquele momento, mas infelizmente o prédio por estar inacabado é cheio de espaços abertos e sabíamos que ela não teria dificuldades em fugir.
Depois de algumas
tentativas, muita torcida, reza e mandinga o rapaz conseguiu finalmente laçar a fujona que estava nervosa e muito assustada, mas ele com jeitinho foi
enrolando a corda no pilar do prédio, pra impedir que ela o mordesse, com muita paciência, foi se aproximando, depois de um tempo Kavita se acalmou e aceitou o fato de que ninguém ali queria machuca-la e acabou se rendendo pacificamente.
Ate hoje agradeço de
coração a coragem deste rapaz, pois a gente não sabia como Kavita reagiria quando sentisse a corda no pescoço, meu maior medo era que ficasse brava e mordesse ele.
O rapaz depois que viu
que ela não faria nada pra mim, me entregou e foi trabalhar (super atrasado).
Kavita finalmente deixou a agressividade e o medo de lado e mostrou o quanto estava carente de amor, aproveitei fazer um monte de carinho nela, coisa que queria ter feito desde que comecei minha luta em resgatar ela das ruas.
Ficamos um tempão ali, eu, Kavita e a responsável pela Vigilância, esperando o funcionário que a Prefeitura autorizou pra vir buscar a gente e levar ela até o local onde seria adotada.
Quando o funcionário chegou, ela se recusava a subir na parte de trás da caminhonete e com muita paciência finalmente nos arrumamos lá.
O sítio é distante daqui, estrada de chão e numa das curvas, ela acabou caindo em cima de mim, gostou do colinho, se ajeitou e fomos “conversando” a estrada inteira, enquanto eu enchia ela de beijos, coisa que tive vontade de fazer por semanas e ela não deixava. Aqueles momentos pra mim serão inesquecíveis, como é triste ver o que o medo faz nas criaturas mesmo elas sendo tão doces, mas na situação dela é mais que compreensível pois Kavita foi hostilizada pela maioria das pessoas da minha cidade... tadinha.
Kavita finalmente deixou a agressividade e o medo de lado e mostrou o quanto estava carente de amor, aproveitei fazer um monte de carinho nela, coisa que queria ter feito desde que comecei minha luta em resgatar ela das ruas.
Ficamos um tempão ali, eu, Kavita e a responsável pela Vigilância, esperando o funcionário que a Prefeitura autorizou pra vir buscar a gente e levar ela até o local onde seria adotada.
Quando o funcionário chegou, ela se recusava a subir na parte de trás da caminhonete e com muita paciência finalmente nos arrumamos lá.
O sítio é distante daqui, estrada de chão e numa das curvas, ela acabou caindo em cima de mim, gostou do colinho, se ajeitou e fomos “conversando” a estrada inteira, enquanto eu enchia ela de beijos, coisa que tive vontade de fazer por semanas e ela não deixava. Aqueles momentos pra mim serão inesquecíveis, como é triste ver o que o medo faz nas criaturas mesmo elas sendo tão doces, mas na situação dela é mais que compreensível pois Kavita foi hostilizada pela maioria das pessoas da minha cidade... tadinha.
Chegando no local, a mulher
veio nos receber, levamos ela no canil onde iria ficar presa por uns dias, pra se
acostumar, recomendei que se cuidassem, até ganharem a confiança dela, pois animal assustado pode morder, mais que uma vez pedi que dessem muito amor a ela, pois estava carente e que eu daria um jeito de ver castração.
Vim embora
completamente acabada, tenho problema de coluna e fibromialgia, tinha esquecido
o óculos escuro, meu olho esquerdo é cego e por estar debilitado dói no sol, mas
estava tão feliz ao ver Kavita bem e longe dos perigos do abandono, que tudo valia a pena... Bem, pelo menos era nisso que naquele momento eu acreditava, porque se eu sonhasse em tudo que ainda estava pra acontecer, juro pelo que é mais sagrado, aquele sítio seria o último lugar no mundo que eu deixaria um resgate meu...
Mas o motivo disso eu só contarei na próxima parte desta longa “saga”...
Show de Blog :)
ResponderExcluirQuerido amigo Joselito, obrigado pelo comentario, você não imagina como fico feliz em saber que acompanha meu Blog. Abraços de coração :)
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