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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

LOFI chegou para conquistar (Parte II)

No segundo dia em que Lofi morava com a gente, minha mãe ligou pra saber como estávamos, meu irmão atendeu e contou do gato... céus, ela ficou realmente furiosa.  
Pediu pra falar com a Nicole (nem quis papo comigo) e deixou bem claro quando disse: “Podem dar um jeito de se livrar deste gato, que não quero nem o cheiro dele, quando eu chegar em casa com seu avô operado...”
A Niki desligou o telefone e contou o que ela havia dito, nos olhamos e  bem abraçadinhas choramos até dizer chega...
Quando passou um pouco o desespero fomos procurar o Lofi que dormia como um anjinho no sofá.
Meus pais iam demorar ainda quinze dias pra voltar e estávamos divididas entre a angústia de não saber como convencer minha mãe de ficar com o gatinho e a saudades gigantes de ver meu pai.
Passava o dia pensando nisso, ainda mais que eu tinha jurado pra Nicole que ele não iria embora.
Pensei em comprar uma gaiola grande pra por ele, mas não achei. 
Até pedi pro meu sobrinho fazer algo parecido com viveirinho, ele disse que ia tentar, mas como era pequeno, não conseguiu fazer.
Meu desespero aumentava a cada dia que passava, ainda mais que minha mãe ligava com freqüência para dar noticias de meu pai e fazia questão de dizer: ”Já se livraram do gato?”
No dia que minha mãe ia chegar, falei com uma amiga que fazia faculdade comigo, ir até a minha casa. Estávamos quase pirando com o tal TCC.
Pedi a ela que se minha mãe brigasse muito comigo era pra levar o gatinho para sua casa, até ele crescer um pouquinho, que depois eu pegaria ele de volta e o deixaria solto fora de casa.
Quando pisei em casa e vi meu pai até esqueci do Lofi... era tanta saudade. Abracei ele com cuidado pois tinha feito uma cirurgia muito grande, ele me abraçou, foi um abraço fraquinho mas cheio de amor. Meu pai estava muito debilitado tadinho...
Depois de um tempo é que me dei conta de tudo ao meu redor... meu tio que trouxe meus pais pra casa, minha amiga e inacreditavelmente minha mãe com o Lofi no colo.
Eu não sabia nem o que dizer, dei um beijo nela e ouvi: “Cheguei tão atordoada da viagem, que quando me dei conta ele tava no meu colo, coitadinho.
Saí la fora com meu coração tão feliz e aliviado que não via a hora de encontrar a Nicole, que logo chegaria da escola, pra contar a maravilhosa novidade.
Quando vi ela descendo fui correndo e gritando como louca: “ O vô e a Vó chegaram e o Lofi ta no colo da Vó...”
Nos abraçamos emocionadas.
Nicole entrou em casa e quando viu meus pais começou chorar, abraçou e beijou meu pai que também chorava (toda vez que ele precisava viajar e quando voltava a gente se emocionava muito), depois correu beijar e abraçar a avó.
Pegou o Lofi no colo e sentou ao lado do meu pai, onde ficaram um tempão pra colocar todas as novidades em dia, sobre a escola, o Gubi e agora também do gatinho Lofi que com certeza, já era parte da nossa família.
Muitas coisas ainda aconteceriam, mas essa já é outra história pra contar...

LOFI chegou para conquistar (Parte I)

O gato Lofi entrou no momento mais triste de nossas vidas, quando meu pai estava começando a sair dela!
Nossa família sempre foi muito unida e caseira. A falta de dinheiro sempre impediu de fazermos a tão sonhada viagem de férias, mas isso nunca foi motivo pra nos entristecermos, pois só o fato de estarmos juntos bastava!
Nem sei definir o desespero que sentimos, quando em 2004, meu pai foi diagnosticado com câncer. Esta maldita doença que, na minha opinião, não só destrói órgãos, o corpo, mas a esperança pela vida...
As viagens constantes de meus pais à Curitiba para tentar tratar a “maldita”, obrigou a gente a ter que se virar sem eles por perto.
A Nicole então com sete anos, era uma das que mais sentia a falta deles, meu pai a amava muito e lhe fazia todas as vontades. Ele não era só avô, mas um pai presente, coisa que ela nunca teve.
Nossa rotina na época era, acordar cedo, levar a Nicole na minha irmã, pegar o ônibus para Videira e ficar na creche o dia todo, enquanto ela na parte da tarde ia para o colégio. Na sexta a noite e sábado o dia todo ficava na minha irmã, porque eu fazia faculdade em Caçador.
Durante a semana, chegávamos em casa quase juntas e ver ela fechada dava um aperto no coração...
Então à noite eu sempre procurava brincar muito e dar toda atenção do mundo pra minha menininha.
Muitas vezes, na hora de dormir dizia: “Mãe vamos ficar em casa amanhã, não quero que você vá na creche e não quero ir na escola...”
Meu coração ficava pequenininho nessas horas... nem sei quantas vezes esperei ela dormir pra poder chorar, por ter que ficar longe dela o dia todo num momento como aquele, por ficar longe dos meus pais e saber o que  ele estava passando entre as varias operações e quimioterapias que fez... (minha mãe sempre conta do quanto que ele também chorava por ficar longe da gente...)
Quando podia levava ela comigo na creche (mas infelizmente não podia fazer isso com freqüência pra ela não perder aula).
Nossa, esses dias eram pra nós preciosos, pois podíamos ficar juntinhas o dia inteiro. E foi num desses dias que vimos o Lofi pela primeira vez...
Minha colega saia um pouco antes que eu do serviço e convidou a Nicole pra ir até a casa dela, ver uns gatinhos que tinha ganhado.
Quando saí da creche, passei em sua casa pra pegar a Nicole e qual não foi minha surpresa ao ver ela me esperando com um gatinho pequeninho e muito fofo, numa caixinha... minha amiga tinha dado um pra ela.
Seus olhinhos brilhavam tanto de felicidade que eu não consegui segurar as lagrimas...”Mãe olha que lindo o que eu ganhei!”
Como sempre, nem pensei na reação da minha mãe, que estava em Curitiba com meu pai.
Na estrada, parecíamos duas bobinhas, rindo á toa, só imaginando chegar em casa e brincar, beijar, ninar aquela bolinha de pêlos.
No ônibus ela lembrou que ainda não tínhamos dado um nome pra ele, pensamos em vários, até que não sei de onde, ela disse: “LOFI seria legal né mãe”. E assim o batizamos.
Em casa, logo que chegamos, pegamos ele com todo o carinho e fomos apresenta- lo ao Gubi, afinal seriam “futuramente” grandes amigos, porque na hora Gubi não gostou nem um pouco da ideia de dividir a atenção da gente, com aquela coisinha estranha.
A primeira noite de Lofi em casa foi emocionante, nem queríamos ir dormir, só pra ficar brincando com ele.
Arrumamos uma cestinha, uma cobertinha e colocamos ele ao lado da nossa cama. Apesar de toda tristeza que sentíamos, naquela noite dormimos com uma nova alegria no coração!
Mas esse foi só o início de uma linda e triste história...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MACACOS nunca mais!

Quando eu era pequena (nove anos mais ou menos), adorava brincar com uma bola vermelha, ela tinha um monte de pedacinhos de borrachas coloridas, pareciam estrelinhas. Era meu brinquedo preferido que eu tinha ganhado da minha tia favorita!
Jogava a bola no gramado ao lado de casa, quando vi um menino passando na rua carregando algo, parecia um gatinho...
Via sempre ele na escola, era um garoto mal- educado, falava um monte de palavrão... não gostava nem um pouco dele.
Mas minha curiosidade foi maior e timidamente perguntei: “Oi... o que você tem no colo?”
Ele com uma cara de “to podendo”, falou: “Um macaquinho!”
Céus... nem acreditei, meu maior sonho era ter, entre tantos bichos, um macaco (era fã número um do filme do Tarzan, só por causa da Chita).
Corri até ele, o macaquinho era muito pequenininho, estava agarradinho na camiseta dele, parecia fraquinho e faminto...
Fiz um monte de perguntas: “Como é o nome dele? Você só tem esse? Onde conseguiu? Posso pegar um pouquinho?”
Ele falou que nem tinha dado nome, só tinha aquele, conseguiu indo no mato com o pai e um nono que morava perto da minha casa e que não ia me deixar pegar ele nem um pouquinho, porque o macaquinho só gostava dele.
Que raiva, imagine se aquele anjinho, tão bebê, ia gostar só dele mesmo, ainda mais “colo de camiseta suja, de garoto que nem banho tomava... eita”.
Triste, vi o menino se afastar, queria tanto um macaquinho...
Resolvi ir na casa do tal nono, pedir pra ele conseguir um macaquinho pra mim também.
Cheguei lá, ele estava com o papagaio, gritavam tanto os dois, que até fiquei com medo de pedir, mas a vontade de ter um macaquinho era tanta...
Ele, não sei por que, falava muito alto e meio enrolado, mas disse que quando fosse no mato de novo ia procurar um.
Eu nem cabia em mim de tanta felicidade.
Decidi contar só pro meu pai, não ia falar nada pra mãe, ela ia brigar comigo, pois algo me dizia que ela não ia gostar nem um pouco do macaquinho.
Meu pai ouviu minha história, mas acho que não levou muito a sério, porque desta vez ele não disse: “Não quero nem ver quando tua mãe souber...”
Passava horas, dias, semanas, só pensando nisso, mas pra minha tristeza, nada de alguém aparecer com meu macaquinho.
Uma noite, já estava quase dormindo, quando ouvi algo inacreditável, meu pai dizia pra minha mãe: “Hoje ganhei um macaco, deixei lá no paiol...”
Meu sono sumiu na hora, se eu na época, não fosse tão medrosa, teria ido aquela hora no paiol ver o macaquinho e que, com certeza meu pai ia dar pra mim... ele sabia o quanto eu queria um...
Ficava imaginado ele sozinho, com medo, tadinho... que nome eu daria? Tuquinha, Chiquinho... bem, isso era melhor ver a carinha dele pra depois decidir!
Acordei com minha irmã caminhando no quarto, ela me olhou ansiosa, percebi que ela queria me contar algo.
Eu tinha certeza que ela queria me falar do macaco, mas como ela quase nunca puxava muito papo comigo, resolvi que iria fazer cara de surpresa quando ela contasse a novidade (que é claro, eu já sabia...).
Disse assim minha irmã: "Mônica, tenho um segredo pra te contar, mas o pai não pode saber que eu te falei...”
Eu toda disfarçada... ”Diga?”
Me lembro tão bem... eu olhava pra ela e já ate poderia ouvir ela dizer que o pai tinha ganhado um macaco...
Mas qual não foi minha surpresa, quando da boca dela ouço: “Eu fiquei menstruada...”
O que?... ora por favor...  um macaquinho sozinho no paiol, precisando de carinho e ela ali, falando aquelas coisas, que eu ainda não entendia direito o que era, mas pelo pouco que sabia, rezava pra que nunca acontecesse aquela desgraça comigo também!
Deixei ela lá, sem entender nada e corri pro paiol.
Procurei em cada cantinho e nada!
Vi meu pai carpindo o lote de cima, fui até lá, já em pânico, avisar que o macaquinho tinha fugido...
Meu pai me encarou com aqueles olhos azuis mais lindos que eu já vi na vida, parecia que não sabia o que eu estava falando...
Eu impaciente... “O macaco pai, que ontem eu ouvi você contar pra mãe...”
Ele rindo muito, largou a enxada e me levou até a porta do paiol...
“Ô filha... olha lá o macaco...”
Olhei na direção que ele apontava e só vi uma coisa de ferro.
“O pai ganhou, ele ta estragado, mas quando arrumar vou usar pra trocar o pneu do nosso carro...”
Nem sei explicar como me senti... era tanta decepção, principalmente comigo mesma, que inocentemente tinha sido traída pela minha própria ignorância.
Pra variar, corri atrás da casa chorar, meu pai veio até lá e me perguntou se eu sabia como aquele piá, tinha conseguido o macaco.
Eu falei que eles acharam no mato.
Ele pacientemente me explicou, que eles pegaram o coitadinho, porque tinham ido no mato caçar bichos e mataram um casal de bugio e como o piá tava junto, pegou o filhote que tava agarrado nas costas da macaca. E que ele sabia que o macaquinho tinha morrido logo depois, porque precisava mamar...
Que horror... eu nem imaginava que era assim que tinha acontecido, que dozinho, ir no mato matar os bichinhos... e o bebezinho coitadinho, morreu de fome, sofrendo sem os pais, que triste!
Sequei minhas lágrimas... corri até a casa do nono e falei que era muito feio o que fizeram com os macacos e que eu não queria mais nenhum...
Acho que peguei ele desprevenido, porque entrei e sai da casa e ele nem falou nada, só ficou me olhando...
Em casa abracei bem forte meu pai e cochichei em seu ouvido:
“Não fica preocupado da mãe brigar com a gente, porque a partir de hoje não se fala de macacos nesta casa nunca mais!”

sábado, 3 de dezembro de 2011

Um segredo chamado GUBI (Parte Final)

Gubi, o segredo mais fofinho que eu e a Nicole já tivemos, cresceu junto com ela.
Era tão lindo ver as estripulias dos dois... brincavam tanto até desabarem no sofá, um mais cansado que o outro.
Quando ficou mais grandinho, começou fazer “aquelas bobeirinhas” que todo cãozinho faz e por azar, as pernas preferidas dele eram as da minha mãe, ela ficava louca da vida.
Nesta época, ela tinha um chinelo verde e passava na bunda dele toda vez que ele ameaçava grudar em suas pernas.
A gente se divertia muito, sempre que ele estava aprontando alguma, era só dizer: “Ai, ai, ai... olha o verdinho da vó...” e ele mais que depressa corria se esconder embaixo do armário e lá ficava espiando, só esperando ela aparecer com o chinelo.
Até que tinha seis meses morava dentro de casa, minha mãe não fazia nem um pouco questão que ele ficasse e dormisse com a gente, mas apesar disso, só foi morar lá fora porque ele mesmo decidiu, eu e a Nicole apesar de tristes, fizemos sua vontade.
As noites não eram mais as mesmas, demoramos a nos acostumar sem ele pulando na cama e derrubando as cobertas no chão.
No começo o deixamos solto de dia e a noite amarrado, mas começou ir muito em volta e voltava sempre machucado... pedradas e até tiro de chumbinho levou, atitudes típicas de povinho ignorante. Decidimos então que ele infelizmente ficaria amarrado sempre.
Meu pai colocou um fio preso de uma árvore a outra, assim ele poderia correr pelo gramado e ver os dois lados da rua (moramos em uma esquina). Continua assim até hoje, de todos os cães que moram aqui (quinze no momento) o lugar mais privilegiado é o dele.
Com o passar dos anos ele conquistou tanto nossa família, que não tem quem não o ame. Meu pai então, o adorava, a gente ria muito, porque quando tinha só a gente em casa, ele fazia um monte de coisas que meu pai pedia: ”senta, deita, dá a patinha..." mas era só chegar um estranho e meu pai queria mostrar como ele era inteligente, que o safado não fazia mais nada...
Quando as visitas iam embora meu pai dizia pra ele: "Gubi jaguarão, hoje me fez passar por mentiroso... quero ver se ainda sabe deitar...” e não é que o danadinho deitava na hora?
Em 2007, sofremos muito com a morte de meu pai e sei que Gubi também, pois era sagrado, todo dia meu pai ia brincar um pouco com ele...
Com a idade Gubi foi ficando doentinho, está com problemas respiratórios e cardíacos, já internamos ele muitas vezes por vários motivos: viroses, extrair dentinhos cariados, operar um tumor perto do pintinho... cada vez que fica doente, morremos de medo de perde- lo.
Hoje ele sente fraqueza nas perninhas, tem um tumor dentro da orelha que deixa ele meio surdinho, não pode mais ser operado porque seu coração não suportará a anestesia. O canal lacrimal dos olhinhos secou e passamos pomadas e colírios duas vezes por dia para evitar que inflame tanto.
O veterinário disse que até ele não ter dor e se alimentar direitinho não será necessário fazer eutanásia.
Graças a São Francisco apesar da idade e dos problemas que tem, ele continua cada dia mais feliz e o melhor, sem dor.
Acho que é de tanto amor que temos por ele. Eu e a Niki nem queremos pensar no dia que será necessário nos despedirmos dele pra sempre. 
Mas infelizmente, quando chegar a hora, tentaremos nos conformar, lembrando com carinho de cada momento vivido ao lado deste amado anjinho e procuraremos conforto nas palavras deste lindo poema, que minha querida amiga me mandou, diz assim:
"Quando amanhã começar sem mim e eu não estiver mais aqui e se o sol nascer e encontrar seus olhos cheios de lágrimas por mim, eu peço muito, não chores. Apesar de saber que seu coração está em dor, lembre e aceite, foi para o meu bem, era meu tempo de ir. Eu sei o quanto você me ama e o tanto quanto eu amo você e a cada momento que em mim você pensar, você vai sentir saudades. Quando amanhã começar sem mim, não pense que estamos distantes, pois a cada instante que em mim você pensar, estou exatamente aqui, dentro do seu coração!".