Total de visualizações de página

sábado, 21 de abril de 2012

MIMÃO e a cama de gatos (Parte II)


Mimão, com o passar dos tempos, estava cada dia mais feliz e acostumado com a nova vida na “cidade”engordou e seu pêlo parecia, mais preto ainda!
Ele era tão engraçado e fofinho, mesmo com aquela cabeça desproporcional pro corpo e o rabinho quebrado.
Quando eu chegava em casa da escola, jogava meu material na grama e deitava gritando: “Mimão cheguei”!...  vinha que nem louco e PIMBA a cabeça dele com toda força na minha, eu amava isso nele e era sua característica, demonstrava carinho, dando cabeçada que nem bode!
Uma tarde, brincando perto de umas canas, que meu pai tinha plantado, ouvi um miadinho fraquinho, pensei estar ouvindo coisas, afinal minha mãe sempre dizia, que eu via bicho, ate onde não tinha.
Não demorou, ouvi de novo... céus, no meio das canas, um gatinho grizadinho, magro, remelento... tadinho, como veio parar ali?
Disfarcei, desci, peguei dois pratinhos, escondida da mãe e corri levar água e leite.
Mesmo tendo tomado todo o leitinho, ainda miava muito, peguei ele no colo, que se aconchegou e logo dormiu.
Passado uns minutos, o que  vejo?... no prato de leite vazio, um do mesmo tamanho, só que preto, devia ser seu irmãozinho, sem duvidas, aquele era meu dia de sorte!
Desci pegar mais leite e passei horas com eles lá nas canas...
Enquanto olhava os fofos, dormirem no meu colo, pensei na minha mãe, a  reação que teria e o que Mimão ia fazer quando os visse... resolvi deixa- los escondidos por lá mesmo, até pensar em como ficar com aqueles queridinhos.
Minha mãe não viu primeiro os gatinhos, mas sim, os pratinhos perto das canas... quando ouvi minha mãe, chamar meu nome completo, num tom mais alto que o normal, gelei... naquele dia, eu ouvi na íntegra, o verdadeiro sermão da montanha!
A noite chegou e com ela o amado do meu pai, eles acabaram discutindo... eu não entendo até hoje, como alguém pode, se estressar tanto, por causa de dois anjinhos...
Depois de muito bate boca, eu no quarto chorando que nem louca, chegaram a conclusão: "Ou ficavam com os gatos ou matavam a Mônica"... pra minha sorte, escolheram a opção gatinhos.
No dia seguinte, nem precisei apresentar, os dois novos membros da família pro Mimão, quando fui lá fora, ele já estava nas canas deitado, aonde batia sol e os gatinhos brincando perto dele.
Quando já estavam maiorzinhos, eu estava lá fora com um dos gatinhos no colo, meu pai resolveu ver se era macho ou fêmea... aborrecido viu que eram duas fêmeas, pediu pra mim não contar pra mãe a nossa descoberta, ela não iria gostar.
Na minha casa, cada vez que eu adotava um animalzinho, era uma guerra e fêmea então, nem pensar. Meus pais sabiam que quando elas ganhassem filhotinhos, eu não daria nem por decreto, então nunca nascia gatinhos ou cãezinhos na minha casa, naquela época.
Muitos meses depois, era muito tarde da noite, ouvi gatos brigando a noite toda, espiei pela fresta da janela  e vi que era Mimão, Preta e Griza, fiquei triste, eram tão amigos...
Algumas semanas depois, elas começaram a ficar gordas e pesadas, eu nem tinha percebido, mas minha mãe viu e falou furiosa: “Não acredito! Bem que eu estava desconfiada da cara do teu pai, quando pedi pra ver se eram macho ou fêmea e ele falou sem jeito: 'Parece macho'!...  tá aí o resultado, as duas grávidas"... e saiu brava, entrando em casa e batendo a porta.
Grávidas? Céus, como podia? Na época era tão inocente, que nem associei a noite de briga, com um possível romance.
As barriguinhas delas estavam enormes e já não queriam mais que eu as pegasse no colo, então passava horas com Mimão dormindo nas minhas pernas, sentada ao lado das duas na grama.
Meu pai arrumou no paiol, caixas de papelão e colocou panos dentro, pra elas se aninharem, na hora de terem os filhotinhos.
Nos últimos dias, antes da chegada dos gatinhos, enquanto elas dormiam quietinhas, eu podia ver eles se mexendo dentro delas, pra mim era novidade e ainda não acreditava, como poderia ser uma garota de tanta sorte... bebes gatinhos na minha casa, novas vidas chegando, um sonho!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

MIMÃO e a cama de gatos (Parte I)


Os felinos sempre foram, uma parte constante da minha vida...  li uma vez, que um escritor francês disse: "Deus criou o gato, para que o homem tivesse o prazer, de acariciar o tigre". Bem verdade!
Fazia um tempinho que na minha casa não tinha gatos, eu estava com uns oito anos nesta época e matava a vontade de ninar eles, quando íamos para a casa da minha Nona (mãe de meu pai), que morava em Bom Sucesso.
Entre eles, tinha um que era o meu preferido e me adorava. Eu chamava ele de Mimão, um gato preto, velhinho, cego de um olho e não sei porque, uma cabeça enorme.
Quando chegamos, eu já saí correndo chamando ele e eis que aparece Mimão, com uma carinha muito triste... por pura maldade alguém, uns dias antes, havia jogado água quente nele e alem de queimado, seu rabinho estava quebrado... nem preciso escrever o quanto chorei ao ver o meu amadinho assim. Naquele dia nem almocei.
Com ele no colo, segurando com cuidado pra não piorar os ferimentos, jurei pra ele que o levaria embora comigo... mas como convencer minha mãe? Sabia que ela não gostava muito de gatos...
Corri perto do meu pai e quando tive certeza que ninguém estava ouvindo, implorei baixinho: “Pai me deixa levar o Mimão pra casa?”
Ele olhou pro gato, fez uma cara de pena e falou: “Filha, sabe como é tua mãe, ela não vai gostar da idéia”!
Passei o dia com o gato no colo, que todo doídinho, nem abria os olhinhos...
Meu pai, vendo minha angustia, com a chegada da hora de irmos pra casa, (juro, nunca alguém vai saber tanto o que se passava dentro de mim, quando o assunto era bicho, do que ele, que sempre preocupado, me aconselhava: “Filha, nunca ame mais os bichos, do que gente”), veio ate a pedra onde eu estava sentada, abraçada com o Mimão, me piscou e disse com um olhar de cumplicidade: “Se prepara, que vou falar pra tua mãe, que vamos levar o gato”...céus, como não amar o meu pai?
Fiquei tão feliz, que sem querer apertei o coitadinho, que reclamou de dor, abrindo os olhinhos e miando baixinho...
Via de longe a cena, com o coração aos pulos, mas não ouvia direito o que conversavam. Meu pai falando, minha mãe gesticulando nervosa e minha Nona, vindo na porta da casa, secando as mãos numa toalha. Todos falavam e olhavam pra mim... meu pai com cara de dó, minha mãe me fuzilando e fazendo um gesto com a mão de “te pego em casa mais tarde” e minha Nona tentando apaziguar, dizendo algo assim:” Já que ela quer um gato, que escolha um mais bonito...” eu que, ate então, tava me fazendo de morta, só nesta hora, timidamente me manifestei gritando: “Não Nona, eu quero esse”!
Meu pai, todo se desviando dos olhares furiosos da minha mãe, foi procurar uma bolsa pra por o gato.
No carro, ele veio miando alto, dentro do capo do fusca, tadinho, eu vim sem dar um pio. Confesso que na minha felicidade de ter o Mimão, todos os dias comigo, nem prestava muita atenção no discurso que minha mãe vinha fazendo: “Lá em casa eu não mando mais nada mesmo, onde se viu trazer o gato, se fosse bonito ainda e nem pense em deixar ele entrar em casa...” e por aí foi a estrada toda!
Em casa eu e meu pai pegamos o saco com cuidado e fomos trancar ele no velho paiol, já tava escuro e ele poderia fugir e se perder.
Arrumei uns pratinhos de leite e água, me despedi do fofinho, desejando a maior noite de sono da vida dele, afinal ele estava comigo.
Deitei, mas o sono demorou a chegar. 
Não sei por que, mas sempre que sabemos, que no dia seguinte seremos abençoados com novidades, as noites se tornam mais longas, deve ser pra que a gente possa preparar o nosso o coração, pra suportar tanta emoção.
Fiquei desejando dormir logo, que o dia amanhecesse depressa e eu pudesse mostrar a ele minha casa, que a partir daquele domingo, seria também pra sempre sua.
Mas fiquei ainda, por muito tempo acordada, bem quietinha, com o coração numa felicidade imensa,  ouvindo os miados angustiados do Mimão dentro do paiol, misturados aos sons do meu mundo...


domingo, 8 de abril de 2012

MAX o cão com lábio leporino (Parte Final)


A viagem até a faculdade em Caçador, pareceu surreal... ainda não conseguia acreditar na surpreendente forma que descobri tudo sobre aquele misterioso cão chamado Max!
A mulher ainda abalada pela triste notícia, emocionada me contou: “Max era do meu marido, ele nasceu com lábio leporino, como a fissura era somente externa a gente acabou não levando no veterinário para operar (finalmente estava explicado porque tinha o fuço estranho e seus dentes ficavam sempre a mostra), disse também que ele era muito querido, calmo, brincalhão e tinha em torno de sete meses. Seu marido era bombeiro voluntário e ela trabalhava fora, como ele ficava muito tempo sozinho e eles moravam em frente a uma rua muito movimentada, resolveram dar ele e acabaram dando para um rapaz que morava em Iomerê, que ia deixa- lo amarrado no pátio de uma fabrica.”
Chegamos a conclusão que ele de alguma forma se soltou e veio parar na minha casa.
Céus, nem poderia em palavras expressar o tamanho da minha indignação ao ouvir tudo isso... se tivessem me dado dois dias eu teria achado não só seu atual, mas seu ex- dono também. Por apenas dois dias ele foi cruelmente morto, sem ter feito absolutamente nada pra merecer tamanha injustiça.
Queridinho, quando lembro de seus olhinhos atentos e curiosos me cuidando, cada vez que eu o espiava na janela, sinto um sufoco... apenas dois dias...
Sei que contando esta historia envolvo muitas pessoas, não cito nomes, mas provavelmente muita gente ao ler, vai recordar, pois apesar de ter sido “proibida” por meus pais de denunciar o que aconteceu, eu não me calei e critiquei muito a atitude da veterinária.
Lembro que algumas pessoas me disseram: Não fica triste assim, ela fez achando que era a melhor solução, pense em quantos animais ela não ajudou a salvar?”
Este tipo de comentário fazia com que sentisse mais raiva ainda... ”Hunf... melhor solução o que... e os que ela ajudou a salvar, não fez mais que a obrigação, afinal seu juramento de veterinária foi pra isso não"?
Muitos anos depois em abril de 2010, o destino me pôs frente a frente com a veterinária, novamente a situação envolvia um cão, que fora abandonado e se “abancou” no pátio da escola (esta historia contarei em outro momento).
Neste dia pude lhe dizer TUDO o que estava engasgado, minha tristeza, raiva, frustração, pela atitude dela no passado e que causou a morte do cão Max.
Ela me ouvia indignada, tentava se defender dizendo que jamais poderia imaginar que eu iria descobrir quem era seu dono, se ela que conhecia todas as residências do interior, nunca tinha visto ele. E que não sabia que ele era dócil, já que ficava sempre mostrando os dentes... ora por favor... eu ser leiga sobre lábios leporinos em animais vá lá, mas ela, uma veterinária? Me poupe!
Ficamos discutindo por mais de uma hora no pátio da escola e não chegamos a um consenso... eu a acusava de ter assassinado ele, ela achando mil desculpas e frases feitas se julgando a certa!
Hoje ela não trabalha mais no meu município, mas sei que fez muitas amizades por aqui e de vez em quando vem visitá-los. Eu, se a vejo, faço de conta que não a conheço...
Quem ler a historia de Max deve estar se perguntando, porque recordei  tudo isso ao ler a caluniosa lista de abaixo - assinado que circulou na minha cidade, com o intuito de destruir minha casa- de- passagem e todo meu trabalho de voluntária que a anos me dedico por puro amor, movida por pessoas que definitivamente não gostam de animais... sim, porque se gostassem e realmente me conhecessem e tivessem olhado uma única vez dentro dos olhos dos animais que foram abandonados e que abrigo em minha casa ate serem adotados, NUNCA teriam coragem de assinar tamanho absurdo que esta escrito.
Relembrei simplesmente porque, uma das assinaturas que esta na lista é do rapaz que tinha adotado o Max... na verdade minha família não se da com a família dele a anos e mesmo não tendo nada pessoal contra ele,  nunca se quer conversamos sobre o que aconteceu com o cão, mas imagino que ele deve, de alguma forma ficado sabendo.
Enfim... creio que se tivesse tido um pingo de consideração pelo meu sofrimento com a morte daquele pobre cão, quem sabe não teria assinado também... mas vá saber né? 
Cada pessoa é responsável pelas suas atitudes, no caso EU por recolher cães abandonados e dar a eles uma segunda chance na vida de serem amados, ELES por se sentirem "solidários" ao que o casal de vizinhos que acusam no processo que moveram e no abaixo assinado que fizeram (barulho e mau cheiro) e que por  São Francisco, vou provar pra todo mundo que é calunia...
Para o querido cão Max, infelizmente NADA mais poderá ser feito, mas por esses que cuido SIM, então que a justiça realmente se faça “justa” e julgue quem esta certo... EU ou ELES!

sábado, 7 de abril de 2012

MAX o cão com lábio leporino (Parte II)

As historias de minha vida (que são tantas), envolvendo animais, sempre me fazem chorar... umas por pura alegria, outras por imensa tristeza e outras por tamanha indignação, como esta do cão Max, que é impossível não guardar rancor em meu coração!
Ouvir minha mãe relatar, o que de fato aconteceu com ele, me fez ter mais certeza ainda, da falta de amor e respeito que alguns seres humanos sentem pelos animais.
Contou minha mãe pra mim: “ Era ainda cedo (antes do meio dia), meus pais tiveram a (infeliz) idéia de ligar pra veterinária, (que na época trabalhava na prefeitura do meu município e atendia animais como porco, vaca, etc)  pra ver se ela conhecia seu dono, ou talvez, poderia ajudar achar casa pra ele,  já que conhecia toda a região.
A “bonita” (pra não dizer outra coisa) mesmo não concordando muito (segundo ela, não era sua area animais como cães e gatos) ,veio dar uma olhada e ficou assustada vendo ele, não quis nem chegar muito perto e disse: “Tenho certeza que ele não é de ninguém daqui, mas pelas atitudes dele, é agressivo”! 
Que ódio... sempre me questiono: “De que atitude ela estava se referindo? Seus dentes a mostra? Será que ela não percebeu que ele não rosnava, abanava o rabo e tinha um olhar carinhoso? Céus que raios de veterinária era ela?
Ela então, simplesmente entrou no carro e foi embora.
Meu pai, pediu pra mãe que fizesse uma polentona pra ele, que aquelas alturas deveria estar morto de fome e foi encher a bacia de água que tinha posto e que ele tinha virado de novo, enquanto minha mãe fazia uma panelada de polenta pro grandão.
Era então, logo depois do meio dia, a polenta já tinha esfriado, minha mãe colocou em uma panela velha e meu pai estava levando pra ele, que faceiro pulava como doido, porque sabia que ia comer, quando estacionam em frente a nossa casa, o carro com a veterinária e uma viatura com um policial (que não era o meu amigo que tinha prendido o cão, na noite anterior).
Ela  pediu que meu pai se afastasse dele e simplesmente comunicou que iriam sacrificar o cão, porque ele não era de ninguém conhecido e era uma ameaça pra sociedade.
O policial deu dois ou três tiros na cabeça dele e foram embora, deixando ele lá, morto covardemente, ao lado de uma panela de polenta que nem chegou a comer.
Ouvindo minha mãe eu chorava e aos berros pedia PORQUE eles não fizeram nada pra impedir? Ela me respondeu: “A gente ficou sentido, seu pai triste ate disse que não precisava ter sido assim, mas como ir contra a ordem da veterinária e um policial? Se ela achou melhor assim é porque sabe o que está fazendo!”
Que ódio, que raiva, que revolta eu sentia (e sinto até hoje)
Com que DIREITO ela ordena tamanha crueldade? Como podia afirmar que ele não era de ninguém se ele tinha coleira e corrente?
Quando minha mãe acabou de contar toda a historia, levantei dizendo que ia ligar pra delegacia denunciar ela, meus pais ficaram loucos da vida, me mandaram calar a boca, onde se viu denunciar uma veterinária  e um policial? A única coisa que eu iria ganhar com isso era uma “baita dor de cabeça” e uma enorme confusão... eu teimando dizia que ia denunciar ate no jornal de Videira...
Céééus.. eles brigaram tanto comigo naquele dia, que meu pai ate chorou e desfigurada, por respeito ao meu pai e receio pela minha mãe (quando ela fica furiosa “sai de perto”) prometi que não iria fazer a denuncia.
Fui la fora ver ele pela ultima vez... meu coração apertava sabendo que morreu com fome e eu sem poder fazer nada...
Meu irmão tinha chegado, ele e meu pai estavam procurando uma lona pra enrola- lo e tirar o corpo dali antes que chegasse a Nicole da aula (minha mãe tinha combinado com minha irmã, que era pra pegar a Nicole na escola e segurar ela, ate a chegada do meu irmão, pra ajudar meu pai a tirar ele de lá.)
Enrolaram seu enorme corpo numa lona preta, colocaram em cima de uma cariola e deixaram perto da rua, ao lado da cesta de lixo.
Minha mãe lavou o cimento, ao lado da parabólica que estava sujo de sangue e quando a Nicole e a minha sobrinha Maria Isabel chegaram, meus pais contaram (porque eu nem tive coragem de falar com elas sobre isso) que ele tinha fugido e provavelmente voltou pra sua casa.
Elas coitadinhas, ficaram felizes, porque ele ia ver seu dono de novo.
A Nicole, quando me viu pediu porque eu estava chorando, eu peguei ela no colo, abracei com tanto amor e saudade e disse: “Dor de cabeça minha vida, mas já vai passar”!
No final de semana, quando estava dentro da lotação, pra ir pra faculdade em Caçador, assim que minha amiga entrou, eu desandei a contar a historia e chorar, conforme ia contando, por uma incrível coincidência do destino, uma mulher que mora em Videira, que também fazia faculdade de artes (e diga-se de passagem, pinta quadros lindamente) olhou muito triste para mim e falou: "Mônica, eu não acredito que mataram o Max"!
Eu não acreditava no que estava ouvindo... alguem que eu nunca imaginaria, sabia quem era o cão que foi assassinado em minha casa... 
Mas esta historia não acaba por aqui, relembrando fico a pensar... como pode um cão, passar somente algumas horas com você e envolver tanta gente e tamanha tristeza? 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

MAX o cão com lábio leporino (Parte I)


Quando "por ventura", no final deste mês de março de 2012, chegou até minhas mãos, a cópia da lista do abaixo - assinado, (pra acabar com minha casa- de- passagem), movida por um casal de vizinhos maldosos, que não gostam de bichos e mesmo cientes do meu trabalho voluntário em relação a animais abandonados, compraram um lote, localizado exatamente no meio da quadra em que vivo, desde que nasci.
Analisando a caluniosa lista, com trinta assinaturas (fiz questão de contar), onde a maioria nem meus vizinhos são, uma delas me fez recordar a triste historia de um cão.
Foi no ano de 2003, em uma noite chuvosa que ele do nada apareceu, causando muita confusão em minha casa.
Gubi dormia aconchegado na sua casinha, protegido da chuva, quando um cão enorme, com coleira e uma corrente arrastando, entrou no nosso pátio. Gubi mesmo pequeno, não se intimidou e partiu para a briga, defendendo seu território.
Da cozinha ouvimos a algazarra, meu pai saiu correndo pra ver o que estava acontecendo e acabou entrando assustado, com o tamanho do cachorro que Gubi estava enfrentando.
Jogando água, conseguiu separar a briga e tratou de trancar Gubi num velho paiol, que tinha na minha casa.
O cão corria pelas ruas de um lado para outro, totalmente perdido coitadinho. Era um Boxer, muito bonito, forte, bem cuidado.
Mas seu fuço era estranho, seus dentes ficavam totalmente a mostra o tempo todo, o que mesmo não sendo, lhe dava uma aparência de ser agressivo. 
Na hora, não sabia exatamente o que fazer, queria cuidar dele, mas achei que sozinha não conseguiria. Resolvi então ligar a um amigo, que na época era policial, pra me ajudar a pegar o cão.
Contei a situação, ele prontamente me atendeu e não demorou chegou a minha casa.
O cão todo faceiro foi ao encontro dele e eu não consegui evitar o riso ao ver a cena: Assim que desceu da viatura, o Boxer correndo, pulou em seu peito, meu amigo é baixinho e o cão ficou mais alto que ele (mesmo jurando que não, tenho certeza que na hora meu amigo “gelou” mesmo).
O policial conversou com ele e pegando a ponta da corrente, o prendeu na antena parabólica que fica na frente da nossa casa.
Decidi mesmo com minha família contra, que ele ficaria ali ate eu localizar seu dono ou achar um lar pra ele. Meus pais na hora não queriam, mas depois concordaram de deixar ele preso lá.
A Nicole, depois do susto e o medo que sentiu ao ouvi- lo brigando, com nosso amadinho Gubi, ficava na janela olhando pra ele... na verdade ficamos um tempão como duas bobas admirando e analisando aquele cão.
Ela me dizia: “Mãe, se ele parece bravo porque olha pra gente tão querido e abana o rabo”?
Eu não sabia o que lhe dizer, então, disse somente: “Vai ver que este é um caso filhinha, de que nem sempre o que parece é”!
Fomos dormir, mas antes de deitar, fui varias vezes espia- lo na janela e toda vez, ele muito atento percebia a minha presença e feliz abanava o rabinho... queridinho!
Demorei a dormir, precisava achar imediatamente um lar, caso não conseguisse localizar seu dono, meus pais não iam querer ele, por muito tempo ali.
Acordei atrasada pra pegar a lotação (nesta época trabalhava na creche o dia todo em Videira e nos finais de semana cursava faculdade na cidade de Caçador)
Mas antes de sair fui vê- lo, estava dormindo todo enrolado, levantou a cabeça e mesmo mostrando os dentes, me olhou carinhosamente. Eu cochichei pra ele: “Você é o ‘simpático mais estranho’ que eu já conheci. Tchau bonitão, se comporte e ate de tarde”!
E sai correndo ate o ponto de ônibus.
Na creche, não tinha sossego, não via à hora de chegar em casa e começar a tomar providencias para achar seu dono ou alguém que o adotasse.
Quando retornei pra casa, vi de longe ele deitado no gramado. Apesar de ser muito esperto e atento não levantou a cabeça, pra me ver chegar...
Algo estava errado, apurei o passo e desesperada vi porque ele não reagiu quando me aproximei, para o meu espanto e tristeza, estava morto, com dois ou três tiros na cabeça.
O susto que levei foi tão grande, que senti as pernas tremerem, falta de ar, tontura, mil perguntas em segundos passaram pela minha cabeça e em mil pedaços estava meu coração!
Porque alguém faria isso? O que aconteceu enquanto estive fora trabalhando? Porque mataram ele?
Aos berros entrei em casa, querendo saber quem tinha ASSASSINADO aquele cão, de maneira tão covarde.
Minha mãe mandou eu me acalmar que ela me contaria tudo.
Indignada e estarrecida fiquei sabendo a forma absurda que ele morreu... que na continuação desta historia, terei a triste missão de contar!!