Em
nosso abrigo os dias vão passando sempre cheio de novidades, pois cada dia eles
“aprontam“ algo que me faz pensar, como podem os animais serem tão surpreendentes e
adoráveis.
As menininhas Missy e Wendy cada dia mais enturmadas e felizes, por serem calmas e amorosas nunca se metiam em brigas e confusões.
O
tempo que passo com eles, faz com que eu conheça a personalidade e “manhas” de
cada um (esta parte o meu marido diz que a culpa é toda minha, desde que os
acolho eu agrado tanto que ficam mimados e cheios de manias e ele aposta que antes
eles não tinham).
Então, quando aparecem adotantes interessados, eu vou contando
suas historias de vida, qual a forma que os encontrei, se são bravos,
desconfiados, brincalhões, afinal uns gostam de agrados outros são carentes
demais... enfim cada um com seu jeitinho de ser.
Sempre
observo bem dentro dos olhos das pessoas na hora que aparecem á procura de adoção
e dependendo da forma como olham para os animais e meu sexto sentido me deixa desconfiada, dou uma desculpa qualquer e
não os entrego, pois se imagino que não serão bem cuidados, não saem daqui de jeito
nenhum. O que me deixa triste é que mesmo tendo todo esse cuidado, muitos já foram
doados e acabaram voltando a sofrer descaso de quem os adotou, nestes casos
quando descubro isso, pego eles de volta mesmo, afinal acolhi, cuidei, tratei, desverminei, vacinei, gasto ate o que não tenho pra deixa-los bem e quando doados a única coisa
cobrada é que sejam amados e cuidados pelo resto de suas vidinhas, mas ainda
assim as vezes isso não acontece e nem me interessa quem foi que adotou, vou lá
e trago eles de volta.
É
claro que existem também seleções para escolher o adotante interessado e isso
é para todos os animais que acolhemos, não pensem que é chegar aqui e levar,
precisa ser acima de tudo responsável e amoroso.
Para
as duas princesinhas eu decidi que só iriam ser adotadas, quando aparecesse alguém
de confiança é claro, que elas ficassem dentro de casa e o principal fossem
adotadas juntas.
Estas
irmãzinhas eram tão amigas e cúmplices que tudo o que uma fazia a outra corria fazer também, seja pra brincar, dormir ou comer. Muitas pessoas vieram aqui
interessadas nelas, mas eu sempre acabava dizendo não, mesmo com o canil lotado
eu sabia que ainda não havia chegado a pessoa certa pra levar as anjinhas.
Até
que certo dia apareceu um casal muito querido e simpático, interessados em adoção,
eles já tinham um cãozinho muito fofinho e queriam adotar mais um. Gostei muito
deles e quando vi o interesse nas minhas menininhas, falei sobre as regras e
que deveriam ser adotadas juntas. Eles foram muito sinceros em dizer que com as
duas não poderiam ficar, mas que uma eles ficariam e a outra levariam na mãe
dela, elas iriam morar dentro de casa e se visitariam frequentemente.
Meu
coração doeu muito naquele momento, porque sabia que era a chegada a hora de me
despedir das minhas pequenas, pois estava diante dos adotantes perfeitos para
elas.
Segurei
o choro e falei que podiam vir outro dia buscar que eu daria banho, pois gosto
de entregar eles cheirosinhos e enfeitadinhos, mas eles disseram que não fazia
mal, pois dariam banho nelas assim que chegassem em casa.
Vim
pegar a carteirinha de vacinação delas, tentando me controlar pra não chorar e
fazer “fiasco” (como diz a minha mãe) na frente deles.
Peguei
as duas no colo, dei um beijinho em cada uma e as entreguei. Desta vez nem fiz
tantas recomendações, sentia dentro do meu coração
que não era necessário iniciar meu sermão da montanha, pois mesmo não os conhecendo, sabia que seriam muito amadas.
Não
as vi mais pessoalmente, mas o casal que as adotou, sempre lembram com muito
carinho de mandar foto delas pela rede social, para que eu possa matar a
saudade das minhas lindinhas.
Uma saudade que carrego comigo cada vez que um
animalzinho daqui é adotado, independente da idade ou o tempo que passou pelo
nosso abrigo, uma saudade gigante mas infelizmente necessária, pois como eu costumo
dizer: “Dói me separar deles, mas se um não vai infelizmente outro não entra.”
Então foco no meu proposito de vida que se tornou minha missão, que é acolher e encontrar lares pra esses anjos abandonados, que possam viver em uma família, sabendo o que é ser amado de verdade.
Missy
e Wendy, as princesas borralheiras foram e depois delas outros príncipes e princesas
chegaram, pois assim é a vida em nossa casa-de-passagem, cheia de idas e vindas movidas pelo
mais puro e incondicional amor.
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